As cadelas apressadas têm os filhos malucos

No fundo, não havia nada a fazer. Tinha chegado a hora, o Destino estava marcado. Cada um tem aquilo que merece. É um facto que quem procura sempre alcança, mas também é verdade que quem espera desespera.

 

Há coisas na vida que não se conseguem evitar, e ninguém controla o seu Destino, ora aí está o que é. No entanto, não podemos deixar de dizer que nunca faltou cama a vivos nem cova a defuntos. Se de grandes ceias estão as sepulturas cheias, não é óbvio que por causa das grandes fomes já morreram muitos “homes”? Uma pessoa nunca está à espera, nunca sabemos o que nos vai acontecer, nunca estamos preparados.

 

O que tudo isto quer dizer é que temos que viver cada minuto como se fosse o último, porque todos os momentos são preciosos e a vida é uma dádiva. Além de que, mesmo nas horas mais negras, há sempre uma luz na escuridão. Sem esquecer que devagar se vai ao longe, até porque as cadelas apressadas têm os filhos malucos, ou cegos. Não podemos querer tudo no momento, porque quem tudo quer tudo perde. Quando chega a nossa hora somos todos iguais.

 

Da mesma forma, nunca devemos perder a esperança, que é a última a morrer, e o verde é a sua cor, até porque quem tem boca vai a Roma. Embora não possamos tapar o sol com a peneira, nem querer sol na eira e chuva no nabal, tendo em conta que quem nasceu para tostão nunca chega a milhão.

 

Afinal, no amor e na guerra vale tudo. E não podemos ficar eternamente à espera que D. Sebastião regresse do meio do nevoeiro. Nem ficar satisfeitos apenas com o pão e o circo. Temos que acreditar em nós próprios, ou ninguém fará isso por nós. Não é verdade que querer é poder? Então temos que transformar os riscos em oportunidades, as oportunidades em desafios e aceitá-las!

 

E, como tudo na vida tem uma explicação, é esta: O Cronista Sem Abrigo precisava de redigir uma crónica onde existissem, unicamente, frases feitas, lugares comuns, chavões, as expressões que todos nós vamos usando automaticamente ao longo do dia, sem ter que pensar para as dizer… Será que esta prova foi superada?

Mas ainda tenho os dois rins

Chegara a Luxor havia poucas horas. Era quase a primeira vez que saía da Europa, e, para satisfazer o comodismo e a segurança, optara pelas populares viagens de pacote, com uma porção de gente que não conhecia e um simpático e eficiente guia profissional egípcio. Até estava a ser bastante divertido: o grupo era amável e cómico, o país fascinante e tudo enriquecedor.

Mas o espírito do viajante despontava, muito devagarinho, debaixo da capa do turista ávido e ignorante… Uma semana dentro de um barco com as mesmas pessoas, apesar das paragens em que observava a História ao vivo, fazia-me querer mais qualquer coisa.

Claro que a oportunidade (um pouco forçada) havia de surgir. E foi mesmo em Luxor que “fugi” do barco que percorria o Nilo e nos mostrava o que havia à sua volta. Escapei-me por uma hora e picos, à tarde, sem pensar no que fazia. Queria fazer a minha pequena “viagem” dentro da experiência turística que vivia. Num país onde tudo é uma negociação – não só o preço do táxi mas também o câmbio da moeda, se pagarmos em euros – tudo podia acontecer.

Com essa esperança, pus-me a caminhar. Rapidamente surge um jovem egípcio, prestável e gentil, e com um nível de inglês impecável. O rapaz começa a meter-se comigo, insistentemente, e acabo a conversar com ele. As frases dele começam invariavelmente por “if you want” o que quer que fosse, que ele arranjava.

Durante uma hora de passeio pela cidade, foi-me mostrando pontos turísticos – embora alguns já estivessem a fechar àquela hora – e conversando comigo. Ao eterno início de frase, “If you want”, seguia-se a oferta do que eu quisesse. Tabaco, álcool, drogas, raparigas, rapazes, uma visita a casa dele. Declinei todas as ofertas.

O rapaz, ao longo do caminho, ia dissuadindo as pessoas que vinham pedir-me dinheiro, ou tentar vender-me alguma coisa. Pelo que dizia, o seu interesse na minha companhia era a oportunidade para treinar o inglês.

A hora foi passando. O meu amigo, guia e protector temporário deixou-me exactamente no mesmo ponto onde me tinha encontrado, perto do barco, num sítio onde até eu conseguiria encontrar facilmente o caminho de volta. Pela companhia, pela conversa, pelos serviços informais de guia, não pediu absolutamente nada. Nem uma moeda. Só queria conversar e treinar os dotes linguísticos. Claro que, muito tempo depois, os meus amigos ainda me perguntam se tenho os dois rins, os dois pulmões, etc… Mas ainda tenho os dois rins.

Tolstoi e os turistas

Lia as páginas de “Ressureição”, de Tolstoi, o que, por si só, dava algum trabalho, porque antes era preciso cortá-las e despegá-las, com a tampa da caneta, tal era a antiguidade da edição. Achava que tinha encontrado o local perfeito para fazê-lo – às nove da manhã, no Parque das Nações, a cinco metros do rio. Só se ouviam os cantos estridentes dos pássaros.

 

Mergulhava na vida da Maslowa, de Nekhludov, nas injustiças que marcavam a existência da jovem que fora quase aristocrata, depois criada, prostituta, presidiária… Paz completa.

 

Às tantas começo a ouvir ruído de passos e vozes a tagarelar, em crescendo. Olhando para trás, dou de caras com a realidade. Um grupo de umas quantas dezenas de turistas, que, àquela hora da manhã, faziam, naturalmente, turismo.

 

Quase todos acima dos 30 ou 40 anos, deslocavam-se em pequena multidão, subdividida em grupos menores ou casais. Uns gordos e extremamente visíveis, outros mais elegantes e discretos. Pela língua e forma de falar, talvez fossem israelitas. Ou gregos? Não conseguia perceber.

 

Lá foram, calma e vagarosamente, ao longo de umas quantas centenas de metros, para observar turisticamente alguma coisa, não sei o quê. Bom, até não foram assim tão lentos, mas, para quem desejava sossego, podiam certamente ser mais rápidos.

 

Sentado, ainda acreditava que conseguiria ler mais algumas páginas entre a passagem de um casal e outro. E ia insistindo. A dada altura tornou-se mais difícil. Uma das senhoras mais idosas estava especialmente determinada a tirar uma selfie com o maravilhoso rio como pano de fundo, e eu estava no caminho (sentado num banco de pedra, impassível, metido comigo próprio). O resultado foi que acabei com a tal senhora de idade mais ou menos ao meu colo, até que ela percebesse que atrás dela estava uma pessoa sentada num banco.

 

Suspirei profundamente, ignorei a ligeira irritação, pensei… Bom, muito provavelmente, nós, quando vamos, também, fazer turismo para o país destas pessoas, devemos fazer mais ou menos o mesmo, ou pior.

A rapariga que vivia do ar

Fica muitos anos sem ser vista, e quando aparece, a Manela está sempre radicalmente diferente. Não tem multibanco, smartphone, televisão, Internet, Facebook e nunca anda com o cartão do cidadão.

 

Desta vez foi no centro da cidade, numa mesa de café, que me descobriu por acidente. Ficou a olhar para mim, sorridente e divertida como sempre, e eu a gesticular para ela baixar os óculos escuros, para que tivesse hipóteses de perceber quem ela era. Quando a reconheci, lá ficámos uns momentos abraçados, após mais um longo interregno sem nos encontrarmos, até porque nunca nos lembramos de trocar contactos.

 

Encontrámo-nos à hora do lanche, a conversa deu para bem depois das dez da noite. A Manela mantém-se a par do que acontece, mas diz que o jornalismo, a política, a economia, são tudo tretas. Dedicou-se à Filosofia. Passa a vida na faculdade, e os dias inteiros a debater e a pensar, como fazem os filósofos.

 

Chegou a algumas conclusões. Consegue viver com muitíssimo pouco e quase não tem despesas, sem que se perceba como faz. E há coisas que lhe metem confusão. Não percebe, por exemplo, porque é que os animais de estimação (como os dois que habitam com ela) vivem tão pouco tempo, e os humanos andam por cá décadas e mais décadas. Não entende. Para ela, faria muito mais sentido que os humanos e os seus companheiros patudos tivessem uma esperança de vida aproximada: é que seria melhor para ambos, segundo considera…

Jeremias, o gato sexual

Conheci o Jeremias há meia dúzia de anos. Sempre o considerei, e o chamei, “o meu amigo Jeremias”. O Jeremias não é um gato, é um cão. Embora não goste muito que lhe peguem ao colo, ele adora estar junto ao seu humano, anda sempre de volta de mim, a miar e a arfar para mim, a pedir-me carinho e atenção. Gosta de estar junto da sua pessoa, até nos lugares e circunstâncias mais bizarras…

 

Daí que o Jeremias, embora castrado, seja ‘o gato sexual’… Não só o meu belo e longo Jeremias, mesmo com a sua virilidade interrompida desde cedo, adora andar atrás das fêmeas felinas, pôr-se atrás delas, como que a copulá-las, coisa que, tecnicamente, lhe é impossível, dado não ter os ditos funcionais. Ele faz mais.

 

Sempre que haja momentos de intimidade humana em residência onde ele habite, o Jeremias faz questão de ir lá pôr-se no meio, e assistir a tudo, desde o primeiro momento ao suspiro final, até que todas as partes envolvidas tenham já atingido os seus objectivos.

 

Até parece que, para que tudo decorra dentro do desejável, e para que os participantes alcancem a satisfação procurada, é necessário que o Jeremias possa estar presente, libertando a sua complicada agenda, entre mordiscar a ração, beber a água directamente das torneiras, esticar-se ao sol e dar cabo das duas coberturas que, alegadamente, protegem o sofá da sala.

Nas dunas, com o Universo por companheiro

Com um gesto largo, Ali abrangeu o deserto e as estrelas quando os impreparados turistas lhe perguntaram se havia “casa-de-banho” (!) na sua aldeia berbere, um aglomerado de três casas perdido no meio das areias de Merzouga. Os ocidentais desprevenidos tinham atravessado Marrocos em cinco dias (“muito terreno para cobrir numa semana”, comentaria um divertido companheiro australiano) mas ainda estavam a aprender.

 

O pais árabe, amigo da Europa e da América, bastante empenhado nos seus preceitos islâmicos, nada tem a ver com aquele lugar estranho retratado no filme “Babel”. Pelo contrário. Quem o visita, diferentemente do realizador da película, percebe meia dúzia de verdades. Que ali, apenas a uma hora de Espanha, se entra num planeta diferente. Mas que esse mundo pouco ou nada tem de perigoso ou ameaçador, mesmo para os visitantes mais inexperientes. À excepção de alguma da comida e dos serviços de saúde, de cuja existência quase se duvida.

 

A verdade é que, no meio das dunas e tendo por único companheiro o universo, nas montanhas cujos habitantes nos lembram os afegãos das fotos das revistas de grande reportagem ou na confusão insuportável e irresistível da Medina de Marraquexe, sentimo-nos vivos.

 

Concluímos que a humanidade, sendo só uma, se divide em milhares de cambiantes, de pensares, de aparências, de formas de existir. E torna-se claro que são poucas as diferenças que nos separam dos marroquinos. Somos bastante mais prósperos, possuidores de um ligeiro verniz de instrução, menos alegres e comunicativos. De resto, até somos parecidos.

A Lassie não se foi embora

Tinha a mania que era gato. A  Lassie adorava andar a caçar os ratos na garagem-oficina do pai do Pedro, o que ele agradecia bastante. Mas quando tudo isso começou, o Pedro só queria era brincar e pouca consciência tinha de que aquele boneco animado estava ali para o proteger, para dar a vida por ele sem hesitar.

A vida avançou num instante, as tardes de futebolada e pedradas nos vidros da escola foram rapidamente substituídas pelas primeiras namoradas desengonçadas. A Lassie estava sempre lá, a olhar para nós com aquele ar cândido de quem se atiraria alegremente para debaixo de um autocarro pelo Pedro.

Quando o pai dele chegava da serralharia, levantava-se numa fracção de segundo e ia a correr ter com ele, ainda antes que entrasse no prédio. Quando o Pedro vinha das aulas saltava para cima  dele, alegre e preocupada. Queria saber se estava bem, se os professores não o tinham chateado, se os rufias do bairro vizinho lhe tinham feito alguma.

Quando eu conversava com o meu amigo Pedro na sala de estar, a ouvir aqueles discos esquisitos dos Xutos com o volume no máximo, ela não se afastava. Já me tinha adoptado. Se era amigo do Pedro só podia ser boa pessoa. Quando eu e ele discutíamos os nossos sonhos de juventude, ele armado em jurista e eu em correspondente de guerra, ela ouvia-nos com a paciência da idade que já ia adquirindo. Quando o Pedro foi, finalmente, para a faculdade, lá estava ela sempre ao fim do dia. Amiga, fiel, sem desejar o que quer que fosse em troca.

O tempo continuou, imparável. Ela é que já ia estando mais lenta, como os pais do meu amigo, cada um com a sua doençazita ou com os resmungos da meia idade. Ele lá conseguiu o que queria. Triunfou como homem das leis, com os seus escritórios e as suas filiais, com a sua mulher e com a Aninhas para lhes dar cabo do juízo. Eu tornei-me jornalista  e até já fui a Beirute, como sempre sonhara. Mas foi a Lassie a nossa amiga de todas as horas, a confidente, a conselheira muda e impassível. Foi ela que nos ensinou  a paciência, que acreditou no Pedro, que o aturou, que o apoiou em tudo. Sempre. Quem sabe? Talvez um dia o Pedro ainda volte a ter uma Lassie. Porque não? Era capaz de ser bom para a filhota dele.

“Tudo bem?”

Chegaram junto do homem e quiseram oferecer-lhe uma sandes ou um bolo para lhe acalmar a fome e servir de pretexto de conversa. Alguém soltou a habitual saudação inocente e bem intencionada… “Tudo bem?”. O homem respondeu, pronta e imediatamente. “Não, não está tudo bem. Se metade do mundo está em guerra, se milhões de pessoas vivem na pobreza, se o sistema político e social esmaga a prosperidade e a liberdade de tanta gente, acha que pode estar tudo bem? Não, não pode estar tudo bem”.

 

O homem, sem família nem ninguém no mundo, teria idade para estar acolhido e protegido há várias décadas, mas vive na rua. Já não vê, mas mantém um aspecto digno e apresentável, consegue vestir-se e tratar de si próprio sozinho.

 

Quando, durante uma das suas reflexões políticas, filosóficas e históricas de revolta contra a Humanidade, alguém lhe pergunta “olhe, o senhor não está chateado comigo, pois não?”, ele responde, docemente: “não, filha, eu não estou chateado com ninguém, porque eu sou feliz!”. Este homem não tem nada, e quase nada aceita da sociedade, além de uma ocasional sandes, um cigarro e dois dedos de conversa. No entanto, a sua grande preocupação não é consigo próprio, e sim com os maus caminhos que, aos olhos dele, rodeiam a Humanidade, a política, a economia e a religião. E não é por não ter nada que ele nos diz que “não pode estar tudo bem”. É porque o mundo não está bem.

 

E assim ficamos, daqui para a frente, a pensar duas, três ou quatro vezes, antes de perguntarmos, quando nos cruzamos com alguém, se “está tudo bem”.

O i-phone não tem fita de tinta

A conversa animada parou imediatamente, os jovens de menos de 20 anos detiveram-se e ficaram mudos a ouvir o quarentão que ria e disparava, entre duas garfadas: “não, eu não tenho computador, nunca tive”. “Hum? Aham? Mas… mas… mas… Não ter computador é como não ter meias?! Você não anda na rua sem meias, pois não?!”. “Bom, não, sem meias não, mas sem computador sim!”.

 

Instintivamente, devem ter-lhe vindo à memória os tempos de adolescente, em que o seu “computador” era uma máquina de escrever, da escola ou emprestada pelo melhor amigo, e em que redigia  trabalhos escolares, disparates, tudo o que lhe vinha à cabeça. Tempos em que os primeiros computadores ainda estavam a chegar ao mercado europeu, e em que “jogar computador” era uma aventura repleta de imprevistos e de sons misteriosos (“bin brin bzzt bzzt tuun”), enquanto o dito jogo carregava.

 

Pensava nos computadores 48K, na linguagem de programação Basic e nas letras de imprensa a bater na folha de papel, deixando por lá as marcas de tinta mais ou menos indelével, as letras, as palavras, as frases, os sentimentos, as ideias…

 

No meio desta reflexão, começa a ouvir precisamente esse termo – “máquina de escrever” – e pensou que estava no sítio errado. Mas não, ouvia bem. Os jovens estudantes com quem almoçava falavam em máquinas de escrever, em trabalhos escritos em máquinas de escrever e entregues na faculdade, no que faziam quando se enganavam numa palavra ou tinham que substituir a fita de tinta da máquina… “Hum?”, perguntou à rapariga que estava ao seu lado. “Vocês usam máquinas de escrever?! Ahm, já estou a perceber, é uma cena ‘retro’, é como os discos de vinil, é isso, não é?”. “Sim”, respondeu a rapariga, “é isso!”.

 

Suspirou, sorriu e pensou que o mundo actual é um lugar estranho, às vezes difícil de perceber. Mas, se ainda há por aí máquinas de escrever a teclar e discos de vinil a rodar no prato, então nem tudo está perdido…!

O primeiro dia

Foi o primeiro dia. Sentia uma ligeira ansiedade, achava-se um tudo nada expectante, por ser o primeiro dia. O primeiro dia dos dias que se seguiriam. Começou, claro, com os tratamentos matinais habituais aos habitantes ronronantes lá de casa. Continuou, naturalmente, com exercício físico, no caso, uma boa corrida de uma hora. Seguiu-se o duche fresco, e a ida, com os ditos inquilinos de quatro patas, ao veterinário, para os tratamentos veterinários semanais.

 

Uma sopa devorada a correr, e, depois, um encontro de amigos. Pelo meio a limpeza necessária da simpática habitação, já atulhada em pêlos felinos. Em seguida, uma passagem por aquela que foi a segunda casa por mais de uma década, para devolver a “máquina de escrever” portátil com que toda a gente escreve há uns bons anos, e para rever aqueles que, ontem ainda, eram os colegas, companheiros e camaradas.

 

Mais meia dúzia de telefonemas, uma ida ao supermercado, o regresso a casa. Por esta hora, ainda faltava exercitar a pele dos dedos sobre o teclado, para que eles não esquecessem nunca o caminho por entre as letras. E a renovação periódica das instalações sanitárias dos quatro companheiros carinhosos e peludos.

 

Os dias de antes, ou seja, de ontem mesmo, não eram assim tão agitados… Amanhã continuaria. E chegaria lentamente a percepção de que havia vida – uma existência simpática e agradável, até – depois da vida como ela era antes… Uma descoberta que lhe mereceu um sorriso.