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O primeiro dia

Foi o primeiro dia. Sentia uma ligeira ansiedade, achava-se um tudo nada expectante, por ser o primeiro dia. O primeiro dia dos dias que se seguiriam. Começou, claro, com os tratamentos matinais habituais aos habitantes ronronantes lá de casa. Continuou, naturalmente, com exercício físico, no caso, uma boa corrida de uma hora. Seguiu-se o duche fresco, e a ida, com os ditos inquilinos de quatro patas, ao veterinário, para os tratamentos veterinários semanais.

 

Uma sopa devorada a correr, e, depois, um encontro de amigos. Pelo meio a limpeza necessária da simpática habitação, já atulhada em pêlos felinos. Em seguida, uma passagem por aquela que foi a segunda casa por mais de uma década, para devolver a “máquina de escrever” portátil com que toda a gente escreve há uns bons anos, e para rever aqueles que, ontem ainda, eram os colegas, companheiros e camaradas.

 

Mais meia dúzia de telefonemas, uma ida ao supermercado, o regresso a casa. Por esta hora, ainda faltava exercitar a pele dos dedos sobre o teclado, para que eles não esquecessem nunca o caminho por entre as letras. E a renovação periódica das instalações sanitárias dos quatro companheiros carinhosos e peludos.

 

Os dias de antes, ou seja, de ontem mesmo, não eram assim tão agitados… Amanhã continuaria. E chegaria lentamente a percepção de que havia vida – uma existência simpática e agradável, até – depois da vida como ela era antes… Uma descoberta que lhe mereceu um sorriso.

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