O relógio

Eram oito da manhã e já corria havia uma hora. Descia em grande velocidade a rampa virada para o rio, um salto aqui, um desvio ali…

De repente dou comigo a raspar no chão, três ou quatro esfoladelas e umas dorzitas superficiais. Levantei-me e acelerei. Coisas de desportistas amadores.

No final da prova contra mim mesmo, fui ver como estava o meu tempo. Nada. Um pequenino écrã em branco no meu pulso.

O Casio que funcionava tão bem havia mais de três anos, medindo todos os dias os minutos gastos no exercício matinal, entregara a alma ao criador.

E agora, como avaliar a minha corrida amanhã? Era feriado, dia de trabalho a atender chamadas, pouco tempo e menos opções para resolver o problema.

Antes de apanhar o metro, uma ronda pelas lojas asiáticas da estação. Vale a pena comprar um relógio, de preferência com cronómetro? O preço compensará? Irá funcionar bem e durar?

À hora do almoço, e no regresso a casa, o dilema exprime-se nas montras dos comerciantes orientais que abrem as portas nestes dias mortos. Nada do que se apresenta parece valer o pouco dinheiro que custa.

No final do dia, volto ao ponto de partida. O senhor indiano da estação, que me percebe pior do que eu a ele.

Olho para um objecto preto, grande, com um ar sólido. 12 euros. Quer que leve em verde. Não, eu gosto de preto. Não há problema, tem aqui um preto.

Muito bem. Pago, esperando não ficar desiludido. Percebo depois que até tem cronómetro e tudo.

A bracelete tem um sistema de encaixe que me leva a perder cinco minutos cada vez que o tiro do braço. Acabo por cortar a ponta da pulseira, para acabar com essa questão.

Os números são enormes, bem visíveis, como convém a um corredor míope.

Já lá vão 15 dias e continua a funcionar na perfeição. O tempo dirá se esta foi uma boa opção para contar as horas e as unidades em que se dividem.

O meu gato e o pássaro da vizinha

Enquanto guardava as compras, apercebo-me de que a minha pequena pantera esguia e ternurenta, a “Gááta!!” não andava à minha volta a atacar os sacos de plástico, as batatas fritas, os cajus e o pão fresco trazido do supermercado… Não estava em lado nenhum.

Começo a ouvir uns miados distantes e confusos. Aquele ser negro e inquieto estava à porta, às escuras, no espaço entre o meu apartamento e o do vizinho. Voltou para dentro a correr e a ronronar, preocupada por ter perdido a oportunidade de participar nas arrumações.

Desta vez correu tudo bem, mas nem sempre é  assim. Um belo dia, quando levava para dentro meia dúzia de objectos trazidos no elevador, os meus quatro felinos dedicavam-se à mesma actividade, passeando entre o meu tapete e o da professora que vive à minha frente.

De repente, o marido abre a porta. O Jeremias, o meu gato-cão demasiado sociável e interessado em pessoas desconhecidas, entra pela casa alheia adentro.

O seu habitante grisalho e bem disposto fica de repente todo corado. “Ah, é que eu tenho um pássaro!”. Já imaginava a pequena ave caseira nos dentes do meu patudo curioso e meio doido.

Entramos também, atrás dele. A docente, nem vi se estava despida ou vestida, tal a pressa para salvar a sua frágil mascote da minha.

Peguei neste companheiro ronronante de cinco quilos, levei-o e fartei-me de ralhar com ele, tentando não me rir com a situação. Daí para a frente passei a ter mais cuidado com estas entradas e saídas, a bem da vizinhança.

Mas há sempre um dia em que nos distraímos…

O meu gato rosnou-me

Aí está algo de que não estava à espera. Estava o meu Chiquinho a comer o seu patê para gatos diabéticos, depois de a Matildinha, o Jeremias e a Amélinha terem lambido a sua comida para felinos insuficientes renais. Fui durante um segundo buscar a minha carteira ao hall de entrada…

Começo a ouvir objectos a arrastarem-se e a cair no chão. Caro que os meus companheiros ronronantes cobiçam os alimentos uns dos outros, que não podem comer, devido às suas patologias específicas.

Quando chego à cozinha, vejo o Chiquinho com um pedaço com uns quatro centímetros de diâmetro dentro da boca. Aproximei-me dele para o afastar de tal iguaria, que lhe faria aumentar o açúcar no sangue.

Ao tentar fazê-lo, o meu gato meigo e agradecido, capaz de defender o seu adorado humano dos mais terríveis inimigos, começa a rosnar-me, contrariado e com cara de segunda-feira de manhã. Ralhei ligeiramente com ele, rosnou-me outra vez.

Tirei-lhe aquele bocado enorme, ri-me para dentro e não lhe disse mais nada. A dieta do meu pretinho sensível e inteligente anda a causar-lhe aborrecimentos.

Está farto de ter sempre a mesma ração e o que deseja mais é atacar a dos outros. Esta semana, finalmente, mudei a marca da comida dele e comecei a misturar-lha com a antiga.

As coisas já estão a melhorar. Está a ficar mais fácil convencê-lo a alimentar-se convenientemente. A única coisa a fazer é vigiar rigorosamente os meus quatro pequenotes na hora das refeições.

O fruto proibido é o mais apetecido e a tigela da minha vizinha é sempre melhor que a minha.

Mas ainda restam outras tentações. Quando me dedico ao delicioso puré de feijão da minha mãe, com coentros e pão alentejano, o Chiquinho recorda sempre as suas origens do sul.

Fica sentado em cima da mesa, olhando fixamente para o prato e estendendo o pescocinho delicado em direcção a ele.

Sabe que não tem direito a nada, porque este é outro alimento que também só lhe faria mal. Mas nunca desiste e fica atento, à espera de um momento de distracção, de uma migalha que caia no sítio errado.

Acaba por contentar-se em inspirar avidamente o cheiro da bela gastronomia portuguesa, já que esse ninguém lhe pode tirar.

Olhares que curam a alma

A semana parecia não querer acabar. Fui ter com o Homem dos Livros ao outro lado do rio. Às dez da noite tinha preparado uma salada com infindáveis variedades de vegetais, leguminosas, massa, rebentos de bambu, molhos e pastas vegetarianas, uma garrafa do grande Reguengos Reserva, aperitivos.

Há pessoas que, com a atmosfera da sua casa e meia hora a trocar as novas dos últimos meses, nos curam a alma por completo. Todas as tretas do dia-a-dia se desvanecem perante um olhar sereno, sábio e tranquilo.

Se vamos passar 50 ou 100 anos no Mundo, vamos vivê-los a stressar ansiosamente, mesmo que a vida nem sempre pareça o Mar de Rosas com que todos um dia sonhámos? E os problemas dos outros? São sempre muito, muito maiores.

Sentamo-nos a ver o brutal filme afegão Cães Vadios, seguido de Aguirre, a Ira de Deus, de Werner Herzog. As horas evaporam junto com o vinho e o saboroso tabaco enrolado em mortalhas.

Quatro horas depois acordo, como se tivesse dormido umas 12. Chego ao trabalho relaxado. Começa a troca de disparates com o colega portuense. E os debates religiosos e pedagógicos com o muçulmano francês, sunita “obviamente”.

Os casos rolam mais rápida e lubrificadamente do que nos dias de semana, oleando as minhas médias, que bem precisam. Os utilizadores sentem-se satisfeitos com o que lhes digo e especialmente a maneira como o faço.

Os fones rebentam-me com os ouvidos, a escutar Depeche Mode e Nick Cave, nos intervalos das chamadas.

A descontracção é tal que… É hoje! A última chamada do dia, atendo-a completamente deitado na cadeira, com as patas lânguidamente estendidas em cima de outro assento.

Muito bem, diga-me o seu nome. O e-mail. O telefone. O método de pagamento. Magnífico. Vamos lá então resolver o seu problema!

“Um iPhone é apenas um telefone”

Barba comprida como a de Tolstoi, bigode farto, piercing no nariz. Senta-se com os pés dentro dos ténis cruzados em cima da cadeira, atende em inglês ou alemão com um ligeiro sotaque. Ouço-o a falar sobre a Roménia.

– Ah, então és romeno?

– Sim.

– Já estive na Roménia e adorei.

– Claro. O que há para não gostar na Roménia… À excepção dos políticos. Onde estiveste?

– Nos mosteiros de Bucovina, no Castelo de Pelles, em Sighisoara.

– Viste muitas coisas bonitas, e uma natureza irresistível.

– Sim. E também gostei de Bucareste.

– Vivi lá, mas não voltaria a fazê-lo. Neste momento até Lisboa é muito grande para mim. Tens um i-Phone?

– Não, isto é um telefone de, de… Marca branca, como nós dizemos em Portugal. É o mais barato dos smartphones.

– Bem, faz chamadas, manda SMS. Portanto, é um telefone. Tal como o iPhone ou o Huawei. Têm um marketing bem feito, mas lá por isso não deixam de ser telefones.

– Pois.

– Precisava de aceder a um iPhone. Estou a tentar explicar a uma senhora como funciona a nossa App num telefone, mas estas imagens que estou a ver no Google não ajudam nada. Fiquei na mesma. Enfim, vou telefonar-lhe e tentar esclarecê-la o melhor possível.

– Boa sorte!

Fico a vê-lo a falar com a utilizadora, com a sua barba, o seu piercing, muita segurança e profissionalismo. Num call center, as coisas nunca são o que parecem.

Hoje atendi os clientes a dançar

Não há a mais pequena dúvida, isto tem dias. Andava meio preocupado com as dificuldades técnicas, a achar que não conseguia reunir com a rapidez necessária a informação crucial para apoiar os clientes. A pensar que não estava a fazer as coisas bem, apesar da formação constante e das ajudas incessantes à minha volta.

Ficara com pouco tempo para as corridas, que estavam menos frequentes e mais pequenas. Sentia algum stress e irritação, o que se propagava aos fofinhos ronronantes lá de casa, ultimamente mais à traulitada que antes. Pelo bem estar deles, multipliquei e prolonguei o tal exercício físico regular que salva a minha mente. Tranquilizaram-se.

Depois fui encontrar-me com o casal maravilha, que não via havia demasiado tempo. Nem jantei. Foram horas de desabafos mútuos e profundos em magnífica companhia, em conversas acompanhadas aqui e ali por goles de bom tinto .

Dormi quatro horas porque elas não esticam e não dão para tudo. Calhou hoje sentar-me ao lado de dois colegas, um portuga e um espanhol particularmente afáveis e com vontade de oferecer ajuda ao longo de todo o dia. Bebi café, sentia-me cansado, bem disposto e cheio de confiança.

Com os tais auxílios imprescindíveis resolvi todos os casos, fechando mais processos num Sábado morto e com poucas chamadas do que nos dias de semana.

Levantava-me, mexia-me, ginasticava-me enquanto trabalhava. Recomendações do moço simpático do departamento de ergonomia. Nos intervalos ouvia Ramstein ou Mão Morta, contorcia-me freneticamente na cadeira e depois quando os clientes ligavam atendia-os a dançar. A malta ria-se.

É verdade. Há detalhes que fazem mesmo a diferença.

Devolveu a vida a uma menina morta

Aproximou-se da farmácia. Da rua, viu um considerável ajuntamento de pessoas à porta. Lá dentro o farmacêutico seu conhecido trocou um olhar com ele e abanou a cabeça, depois de andar algumas vezes para trás e para a frente.

Entrou. Havia uma garota de 12 anos deitada em cima de uma marquesa, e já sem respirar havia longos minutos. À volta, todos os familiares. Pôs-se no meio deles e distribuiu instruções rapidamente. Mandou duas pessoas  massajar cada perna e braço, vigorosamente, de baixo para cima.

Ele próprio colocou-se a meio do corpo e deu-lhe uma massagem forte e prolongada no tronco, repetindo o movimento uma dezena de vezes. As costelas da menina cediam como manteiga, tal era a sua magreza.

Ao fim de algum tempo, ouviu-se um barulho que parecia vindo das profundezas do Inferno, um suspiro que podia ser confundido com um ronco cavado ou o grito de um animal.

A adolescente, cujos pulmões tinham parado e que estava dada como morta, acordou. O passo seguinte era correr a casa do médico que curava os doentes da região e mandá-lo de urgência tratar a paciente.

Ao mesmo tempo, começou a ver que pela primeira e única vez na vida ia chegar atrasado a uma reunião. Um fato que não lhe engomaram a tempo e a ineficácia dos empregados do hotel fizeram o resto.

Perdeu o avião e o encontro de trabalho. Mas foi melhor assim. De outra forma já cá não estaria e teria por morada o fundo do Oceano, como aconteceu com os ocupantes desse voo.

Salvou a vida da garota. 50 anos depois acha que não se portou bem naquele dia, errou: Antes de se ir embora devia ter passado com a família por um supermercado, encher o carro de comida e despejar a carga em casa deles.

Era gente que passava fome, o que explicava certamente o estado em que a jovem se encontrava. Arrependeu-se de não ter feito mais. Mas se não fosse ele, a miúda não tinha passado daquele dia.

O general que não sabia conduzir

Circulava tranquilamente pelas avenidas do Rio de Janeiro no seu automóvel, na saudosa década de 1960, ao som dos acordes da Bossa Nova, que no rádio alternavam com Elis Regina e Caetano Veloso.

À frente outro carro, em velocidade regular e bem dentro da sua faixa, cumprindo todas as normas do trânsito carioca. De repente, um estrondo.

Contra aquele que ia à frente choca um terceiro, que vinha fora da faixa, descontrolado e acelerado para se desviar de um obstáculo, acabando por interceptar violentamente o desgraçado que lá ia na sua vidinha sem esperar nada daquilo.

Há uma certa comoção, os dois saem e falam. O infractor era um general, a ditadura militar comandava o país com mão de ferro. U. assistia a tudo aquilo, nervoso e irritado.

Era óbvio que o inocente ia ser transformado em culpado, e vice-versa. Observa com enorme atenção e interesse. Os dois acidentados dirigem-se para a esquadra.

A testemunha acaba por segui-los discretamente. Chega ao posto e ainda a discussão decorria, na presença de agentes. O dirigente da esquadra era uma alta patente militar.

Para aquele cidadão anónimo e distante das lutas políticas, isso fazia a diferença. Seria um homem com alguma educação e capacidade para ouvir…

Foi meter-se tranquila e civilizadamente na conversa e ofereceu-se para relatar o sucedido. Descreveu, com todos os detalhes, como o BMW se tinha enfiado no Volkswagen Carocha.

Falaram e falaram. O responsável que ouvia as três versões, duas das quais coincidiam e desempatavam a questão, acedeu a oficializar aquilo que lhe pareceu ser a verdade.

O infractor ficou a deitar fumo pelos olhos. U. decidiu que, depois de tudo ser formalizado e arquivado, e enquanto ainda estavam a ganhar a parada, era altura de ele e o seu novo amigo se porem a andar. Antes que as cartas mudassem de direcção.

Um amor do outro lado do mundo

Naquela cidadezinha brasileira do fim do mundo, há sessenta anos não abundavam as mulheres interessantes. Ele trabalhava na indústria farmacêutica e fazia a divulgação dos medicamentos. Começou a aparecer por ali uma rapariga jovem, bonita e inteligente.

Era a sobrinha do administrador, e todos os dias falava com os vários vendedores. Com ele, demorava-se mais um ou dois minutos. Claro que lhe agradava, mas o homem passava a vida na estrada, tinha que fazer regularmente viagens de dezenas de horas.

Sentia-se como os marinheiros, que têm uma mulher em cada porto mas não se ligam verdadeiramente a nenhuma. Antes de partir para mais uma deslocação a garota ofereceu-lhe um livro, O Homem que Calculava.

Foi-se embora. Foi transferido de Minas Gerais para o estado de Espírito Santo, e as suas deslocações prolongadas passaram a só acontecer uma vez por mês.

Andou de um lado para o outro, prosseguiu com o trabalho, falou com este e aquele, dedicou-se à sua nova vida na recente localização. Nunca mais pensou naquilo.

Um dia pôs-se a folhear o livro, alegadamente escrito por um autor persa, mas na verdade concebido por um professor brasileiro. Folheou, avançou, recuou, degustou as aventuras imaginárias desse homem da antiga Pérsia que fazia contas.

Chegou ao verso da contra-capa, já depois das folhas de guarda, aquelas páginas em branco que inauguram e encerram cada um dos romances publicados.

Ali alojada, ocupando todo o espaço de cima abaixo, encontrava-se uma calorosa declaração de amor. Da rapariguinha que estava lá longe, a horas de distância, separada dele por muitas centenas de quilómetros, e pela nova existência que a empresa lhe oferecera e aceitara de bom grado.

Explica-me que hoje, se for viva, deve ser “uma velha de 85 anos”, como ele (nas suas palavras). Terá tido filhos, netos, bisnetos… Viveu talvez uma existência feliz, intensa, preenchida. Como o meu amigo, que passa os seus dias recolhido numa instituição, sossegado no seu canto, partilhando todas as suas histórias com aqueles que quiserem ouvi-lo.

Confessa-me que ela foi o único e grande amor da sua vida.

“Mas eu tenho que pagar impostos?!”

– Olá, boa tarde, em que posso ajudá-la?

– Fala inglês?

– Sim, sim, podemos falar em inglês.

– Ok. Eu tenho uma casa alugada através da vossa plataforma, e recebi um aviso vosso a dizer que devia registar o aluguer nas finanças da cidade onde está localizada.

– Muito bem.

– Tenho que me registar?

– Sim, pedimos que faça aquilo que é referido no nosso email.

– Mas vou ter que pagar impostos?

– Sim, embora, para que seja devidamente esclarecida, eu vá passar o caso para o nosso departamento especializado nesses temas.

– Mas tenho que pagar? E posso ter que pagar pelos dois anos em que a casa não esteve registada nas finanças?

– Bem, como lhe disse, vou passar o caso para o departamento. Mas nós pedimos aos nosso utilizadores que encarem esta actividade como aquilo que é, um negócio. Um acto económico que está sujeito às normas legais e fiscais do nosso país, independentemente de ser feito através da Internet.

– Ah, mas é que ninguém me avisou em relação a isso.

– Bem, imagine que aluga uma casa sem o fazer través de uma plataforma online. Esse aluguer está sujeito às regras nacionais para essa actividade. Se, pelo contrário, o fizer através de uma plataforma na Internet, esse mesmo negócio também continua a estar enquadrado nas leis do país: O princípio é o mesmo.

– É que ninguém me avisou em relação a isso.

– …

– Bem, eu vou transferir o caso para o departamento próprio.

– Mas eu não sei se quero registar a casa na cidade!! Vai passar-me para as finanças?!?!

– Não, não, não. Vou passar o assunto para o departamento adequado dentro da nossa empresa.

– Ah, está bem.