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O meu gato e o pássaro da vizinha

Enquanto guardava as compras, apercebo-me de que a minha pequena pantera esguia e ternurenta, a “Gááta!!” não andava à minha volta a atacar os sacos de plástico, as batatas fritas, os cajus e o pão fresco trazido do supermercado… Não estava em lado nenhum.

Começo a ouvir uns miados distantes e confusos. Aquele ser negro e inquieto estava à porta, às escuras, no espaço entre o meu apartamento e o do vizinho. Voltou para dentro a correr e a ronronar, preocupada por ter perdido a oportunidade de participar nas arrumações.

Desta vez correu tudo bem, mas nem sempre é  assim. Um belo dia, quando levava para dentro meia dúzia de objectos trazidos no elevador, os meus quatro felinos dedicavam-se à mesma actividade, passeando entre o meu tapete e o da professora que vive à minha frente.

De repente, o marido abre a porta. O Jeremias, o meu gato-cão demasiado sociável e interessado em pessoas desconhecidas, entra pela casa alheia adentro.

O seu habitante grisalho e bem disposto fica de repente todo corado. “Ah, é que eu tenho um pássaro!”. Já imaginava a pequena ave caseira nos dentes do meu patudo curioso e meio doido.

Entramos também, atrás dele. A docente, nem vi se estava despida ou vestida, tal a pressa para salvar a sua frágil mascote da minha.

Peguei neste companheiro ronronante de cinco quilos, levei-o e fartei-me de ralhar com ele, tentando não me rir com a situação. Daí para a frente passei a ter mais cuidado com estas entradas e saídas, a bem da vizinhança.

Mas há sempre um dia em que nos distraímos…

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