Buracos, crateras, barrancos. Uma subida a pique, 15 minutos. Uma estrada perdida. Lá em cima a estátua do Cristo Rei, primo irmão do Redentor do outro lado do Atlântico.
Secção perfeita de um percurso de uma hora de corrida num dia considerado frio, para um país de clima mediterrânico.
Até chegar junto daquele Jesus de dezenas de metros, aprecia-se o ambiente de serra e sossego.
Quem vai para aquele lugar é quem adora a natureza. Um português de vez em quando, um turista ou outro em certas alturas.
Num dos troços mais difíceis de subir do que há muitos anos foi uma via rodoviária, um homem e uma mulher de 60 e muitos anos, ar europeu.
Os viajantes não se conheciam. Mas, estando ela de bicicleta, com o seu ar de avó, o homem, vigoroso e com jeito de desportista, oferece-se para lhe carregar o veículo pelo meio daqueles veios e sulcos no antigo alcatrão inclinado em direcção ao céu.
Ela vai-lhe contando que já viajou por aqui, por ali e por acolá, com a sua companheira de duas rodas.
Minutos depois, a senhora continua para cima, ele prossegue descendo rumo ao rio, por entre pedaços de floresta e uma paisagem deslumbrante.
O cronista desportista ia “correndo”, devagarinho, rampa abaixo e acima, enquanto tudo isto se desenrolava.
Dedica uma vénia ao homem, um sorriso à mulher.
Três amantes do silêncio e das colinas cujos destinos se tocaram por momentos.