Sentou-se na esplanada do Nepalês frequentado em busca de comida, conforto e boa disposição, pousou a carteira e o telemóvel e ali ficou algumas horas.
Éramos três. O meu querido amigo-herói especialista em tecnologia e em ajudar pessoas.
A minha amiga que sabe conversar e ouvir como ninguém, e em casa de quem me senti como na minha desde os primeiros minutos.
E eu.
À frente do maravilhoso Caril Vegano do Base Camp, o melhor restaurante de Cacilhas, tudo aconteceu.
Naquele pátio secreto reservado aos clientes especiais, falámos da vida dele, da existência dela e dos meus dias.
Dialogámos sobre o Trump, o Bolsonaro, o Costa, o Marcelo, a Temido, a Freitas, o Santos.
Debatemos sobre a ciência, os factos, o jornalismo, a política, a anti-política, o populismo.
Havia mais de quatro meses que não nos víamos.
Aquele encontro foi um bálsamo que sarou os ferimentos dos nossos espíritos vulneráveis.
Foi um pedacinho de desconfinamento em que lavámos as nossas almas ao expôr o nosso eu.
Desabafámos tudo, vingámos as pequenas e grandes mágoas.
Não se dormiu muito em tal noite, nem essa era a ideia.
Horas mais tarde, a alvorada trouxe-nos a um novo dia.
Curados e reforçados.
Prontos para nova jornada de combate confinado.
Só se vive uma vez.
Que seja com amor, amizade, boa comida, boa cerveja, boa conversa.
Que mais vale a pena nesta passagem?