Hoje à meia noite fazes sete anos. Só te vou ver depois dessa hora, por isso comecei a dar-te os parabéns logo de manhã, quando acordámos, bebé.
Sentiste esse amor ainda mais intenso e correspondeste olhando para mim, mimando-me com o teu brilho interior, com aqueles sons que fazes só para mim. Foi assim a manhã toda.
Eu, tu e o Jeremias andámos nas nossas rotinas caseiras e íamos todos trocando afagos de cinco em cinco minutos.
Fomos buscar-te ao hospital há sete anos, com dois meses de idade. Pouco tempo depois disso, já abrias e fechavas os olhos para mim e ronronavas, mostrando que eras minha e que era eu o centro do teu mundo.
Não me passava pela cabeça que virias a ter insuficiência renal, gastrites crónicas e uma suicida e obsessiva mania de atacar, morder e engolir comprimidos ou pequenos objectos de plástico, metal ou outros materiais.
Viver contigo é estar em vigilância permanente e visitar o veterinário demasiado. Esse é o lado complicado. Depois há tudo o resto.
Há dez anos simpatizava com cães e gatos, mas o sentimento ficava por aí.
Não tinha conhecido o Chiquinho, o meu doce companheiro felino que vive para sempre no meu coração. Nem a linda Matilde, a princezinha que reina eternamente nas minhas memórias de amor animal.
Nem o meu Jeremias, que anima empenhadamente todos os grupos de amigos que vão lá a casa, como no passado fim-de-semana, mostrando que é, na verdade, um cão que reencarnou como gato.
E não te tinha conhecido a ti, “Gááta!!”, único nome que reconheces.
Para ti a vida é muito simples. Se andar a passear contigo ao colo, se estiver no sofá ou na cama contigo em cima de mim, se estiver sentado à tua frente, está tudo óptimo e maravilhoso.
Ronronarás com infinda meiguice, soltando barulhinhos ternos de pura adoração. Olharemos um para o outro, piscaremos a vista devagarinho, devagarinho, adormecendo-nos mutuamente. E tudo estará bem, “Gááta!!”. <3