O homem de cabelos e barbas compridos e escuros atarefa-se a servir jantares, vinhos e aperitivos à volta do bar. O concerto de jazz já acabou mas continuam a juntar-se largas dezenas de portugueses e estrangeiros em torno das paredes exteriores e lá dentro.
Um local onde, quer se jante, se beba uma imperial ou uma água é-se sempre tratado principescamente, como em casa. Onde me tornei uma presença diária , desde que soube que ia fechar. Agora.
Um café, bar e restaurante onde todas as gentes se reuniam ao som das melhores músicas, na aparelhagem ou ao vivo, e das suas próprias conversas. Jantavam, almoçavam, bebiam um copo, por um preço bem justo, entre livros, discos e mobiliário das últimas décadas das nossas vidas, objectos que assistiam, com a sua dignidade e o seu silêncio, a concertos de jazz memoráveis.
Era ali, de frente para as traseiras do Mercado da Ribeira, e para o Cais do Sodré.
Funcionou todos os dias até 31 de Dezembro de 2018, inclusivé. A 1 de Janeiro de 2019, essas portas que guardavam atrás de si hospitalidade, amizade, cultura, prazer e confraternização já não irão voltar a abrir-se. Graças ao monstro da puta da especulação imobiliária.
O seu nome? Café Tati.