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O sangue saltou sobre o rosto

Sentiu o sangue jorrar pela cara.

A verdade fria e cortante foi que tinha usado a navalha novinha para se barbear à pressa, antes de viajar.

As patilhas ficaram com diferenças de vários centímetros.

Iluminado por uma fraca candeia, à frente de um caco de vidro, decidiu acertá-las.

Agora ambas se encontravam absolutamente rectas.

O problema foi o líquido vital que saiu da pele, se espalhou pelo espelho improvisado, pela bacia, pelo chão e pelo quarto.

Foi assim, como se houvesse acabado de sair das trincheiras, que se apresentou à mesa da Consoada.

Foi duramente censurado pelos pais e pelos irmãos.

Ignorou tudo.

Devorou o pão, os figos, as favas, as nozes, os damascos, as passas, os bolos e tudo o que havia sobre a mesa.

Pouco lhe importavam as opiniões. Só queria que aquela estação terminasse e regressasse o calor.

Desejava o Sol, os cafés cheios de animação, os almoços ao ar livre a olhar para o Mar.

Aquele tempo de nuvens, de humidade, de casacos compridos e chapéus não lhe dizia nada.

Procurava a Luz!

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