Enrolada ao meu pescoço, à minha cara e à minha cabeça.
Foi assim, Gááta!!, que passaste a noite anterior ao dia do teu décimo primeiro aniversário.
Embora seja algo muito habitual, parece-me que sentiste que, nas trevas, estava a pensar especialmente em ti. Na tua saúde, na tua idade, no teu futuro, na continuação ou fim do teletrabalho e em como isso te poderia afectar.
Vieste aninhar-te e colocar-te em mim naquela escuridão quente de Agosto.
Senti o teu calor e ouvi o teu coração a bater.
Agradeci-te por vires aquecer o meu espírito nessa madrugada.
Seguir-se-ia a manhã, com as habituais doze medicações, o dia, com as vinte seringadas de água da ordem, a noite, com as três medicações, a vigilância constante ao apetite, à hidratação, à eventual ocorrência de vómitos, à escovagem, às peladas, ao teu bem estar físico e espiritual.
Viriam mais 24 horas de sons ronronantes, miados carinhosos, agudos, excitados, uma jornada cheia de colinhos amorosos, mesmo nesse meio de Agosto fervente.
Mais uma semana a fazer o soro dia sim dia não, as quinze medicações diárias, eu a olhar por ti, tu a velares pela minha felicidade.
Cada dia e cada hora que passo contigo, Gááta!!, são como uma dádiva dos céus.
Até este momento aproveitámos estes 11 anos a cem por cento, a duzentos por cento.
Demos um ao outro tudo o que temos e o que não temos.
A tua Doutora diz que és uma Gatínha muito patusca e muito querida.
Contemplar os teus olhos verdes é mais do que todas as esmeraldas, safiras, diamantes e opalas do mundo, multiplicadas por muitos milhões.
Obrigado, Gááta!!