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A Gata

Ausente deste mundo há um mês, o Jeremias — e a mana Matildinha, que partiu antes –, ensinaram-me a gostar desses seres que miam, ronronam e tornam a existência dos humanos mais suave e agradável.

Os manos tigres abriram o caminho para o Chiquinho, o Gato Preto que me deu sorte e foi o amor felino da minha vida, até há dois anos.

Esses três adultos sábios, empáticos e filosóficos eram os protectores da Amélinha, A Gata, Boneca, Bonequinha ou Munéca, as suas várias encarnações.

Desde há um mês, A Gata é a minha vida e eu sou o mundo d’A Gata.

A Doutora dos Gatos, a divina Dra. Helena Viana, explicou que “os gatos são estranhos, e há gatos que não se importam de ser gato único”. É isso que se passa.

Estando eu pandemicamente a telé-trabalhar, A Gata tem agora o seu humano com ela, dia e noite, 24 horas por dia, sete dias por semana.

Durante o turno de trabalho, fica permanentemente ao meu colo.

À noite, porque ama dormir comigo mas é um pouco distraída e por vezes se esquece, vou sempre buscá-la, da sala para o quarto.

Ronrona sonoramente durante muito tempo; fica em contacto com a minha pele alguns minutos; depois, embora tenha do lado direito diversas mantas polares à escolha, e as adore, prefere ficar por cima do édredão… E do seu humano.

Descansa durante sete horas sobre mim, sem se mexer. Tem oitos anos mas só pesa três quilos. Às vezes nem sei bem se está ali ou não, de tão leve que é.

Levanto-me e reiniciamos a nossa doce e terna saga.

Durante o telefonema diário para o meu pai e a minha mãe, passa o tempo a fazer disparates pela casa e a miar insistentemente para mim e o telefone.

A minha mãe diz que ela está “a cumprimentar a avó”.

É uma existência de miminhos, festinhas, miados, a ronronar sem fim. E fazemos por aproveitar cada hora, cada minuto e cada segundo.

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