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A frutaria

A ideia era fazer companhia à minha amiga e não trazer nada. Mas aqueles alperces enormes e rosados olhavam para mim, sorrindo. Acabei por comprar uma dúzia.

É uma frutaria aparentemente detida e gerida por portugueses, em Carnaxide, e repleta de apelativos produtos nacionais.

O homem que nos atende parece ser um especialista em nutrição e em exercício físico, a avaliar pelo seu aspecto e pelo discurso. Estamos no início de Julho e, ao que conta, muitos clientes vêm à procura de pêra-rocha.

O nosso interlocutor explica-nos que já não há, porque acabou o tempo dela. Mas existem outras pêras, e muitas outras frutas do país, que estão no auge da sua época e não são menos deliciosas.

O homem de aspecto jovem e credível queixa-de das pessoas que não conseguem ver isso. O que parece impossível, pois qualquer um que entre na loja, mesmo que não queira comprar nada, depois de olhar para os caixotes bem arrumados, cheios e atraentes, será dominado pela vontade de levar diversos sacos destas peças frescas, bonitas e apetitosas.

Fala-nos da melancia, do melão e das cerejas, enquanto olhamos para os alperces, as bananas e os pêssegos. Explica que cada fruta deve ser consumida na sua própria época, que é aquela em que o corpo a pede.

Esta é uma boa altura para comer melancia e melão, mas a cereja já se está a acabar. Garante que, no Verão, não se importa nada de almoçar apenas melancia, absorvendo a água, o açúcar e as vitaminas que contém e de que precisamos agora.

Não é tão fã do melão, que considera ser um alimento um pouco mais pesado. Remete as clementinas para o Inverno, estação em que o corpo está mais tenso e carente da célebre vitamina C.

É um grau de conhecimento alimentar difícil de atingir. Mas o facto é que o sabor das suas frutas é irresistível, quer se trate das bananas ou dos alperces. Não se comparam às do super-mercado, ou das inúmeras pequenas mercearias que encontramos por todo o lado.

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