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A Padaria Anti-Portuguesa

Entro na Padaria Portuguesa, uma história de marketing bem sucedida assente em produtos demasiado caros, banais, vulgares e que se conseguem por melhor preço e com mais qualidade em qualquer outro sítio.

Numa ardósia de entoações tradicionais lê-se “Creme de abóbora”. Boa. Uma das minhas sopas preferidas. Tiro a senha, os diversos empregados demoram longuíssimos minutos a atender apenas uma pessoa e finalmente chega a minha vez.

Peço uma sopa. Nova demora. Pedem-me que me sente e espere. Uma sopa é uma coisa muito complicada.

Um bom bocado depois, venho saber o que se passa e porque tenho que esperar uma eternidade por uma sopa, como se esta estivesse a ser banhada em ouro. Finalmente aparece a muito aguardada tijela. Caldo Verde.

O quê?!?! Eu não vou comer isso! Eu não como carne! Não era essa a informação que estava afixada.

Exigem-me que diga quem me serviu, como se isso tivesse alguma importância para o caso. A rapariga aparece e dá-se por envolvida. Mas não culpada.

Aparentemente, a culpa foi minha. Eu tinha que ter perguntado se a informação que estava afixada estava errada ou correcta, não me custava nada ter perguntado.

Portanto, esta malta faz asneira, é incompetente e a culpa ainda é minha. E insistem. Eu devia ter perguntado. Afinal de contas, tinha a obrigação de assumir a incompetência deles, e partir do princípio de que as letras escritas a giz branco na ardósia não tinham qualquer dever de respeitar a realidade.

Exijo o dinheiro de volta, saio murmurando imprecações (“Mentecaptos! Imbecis!”) suficientemente alto para que ouçam e mudo de passeio.

Do outro lado da estrada, um café, esse sim barato, bom e tradicional. Têm sopas diferentes à escolha e decido-me pela de alho francês. Deliciosa, verdadeira, saudável e bem mais barata do que a da Padaria Anti-Portuguesa. Aí está uma lição.

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