“Já está melhorzinha, já está melhorzinha. Já come alguma coisa, coitadinha. Mas está com insuficiência renal. Tem que fazer soro todos os dias. Tem 13 anos”.
A senhora, idosa e também doente, está preocupada com a sua melhor amiga, ao colo dela, uma cadelinha pequena e querida que parece uma bonequinha viva.
Ao lado, uma mulher entre os 30 e os 40 anos, com uma cadela linda, enorme e castanha. Conta que foi abandonada, melhor dizendo, atirada para a estrada, à frente dela. Teve que parar o carro e andar a correr pela via no meio dos automóveis, para conseguir salvar-lhe a vida e apanhá-la.
A doce e meiga fêmea de pêlo bonito e bem lustroso é cega de um olho e tem uma pata partida. Amor, desde que encontrou esta mulher, foi coisa que nunca mais lhe faltou na vida.
Na outra cadeira, uma senhora não menos simpática nem menos procupada com o seu gatinho, igualmente doente. Comenta que a insuficiência renal (a doença dos meus), pela experiência dela, nem sempre é coisa que tire uma grande quantidade de anos de vida a um gato. Teve um que viveu com essa doença até aos 19 anos, quando foi vencido por um tumor.
Tem uma mistura de bengala e muleta, esta mulher boa de 50 a 60 anos. Coxeia, tem dificuldades em deslocar-se. Quando pego nos meus três gatos (o quarto felino, hoje, ficou em casa), depois de serem pesados, fazerem o soro e dizerem o seu olá semanal à Minha Doutora… Levanta-se, a custo, e insiste em ajudar-me, carregando uma das minhas transportadoras de gatos, pelo menos até à rua. Fico a olhar para este ser bondoso, tento demovê-la mas não consigo.
Estou à espera de ser persuadido de que possam existir pessoas que tratem muito bem os animais e muito mal os seus congéneres humanos, essa possibilidade não me convence. Nem a contrária: A de que algumas pessoas tratem maravilhosamente os outros seres humanos e se estejam nas tintas para os bichos.
Tenho para mim que quem tem a consciência e sensibilidade que levam a tratar com decência crianças, idosos, pessoas sem abrigo e qualquer ser humano, também não será cego ao amor pelos animais e às suas necessidades físicas e afectivas. Como creio que quem vê com carinho e dignidade os bichos que partilham connosco o Planeta há-de fazer precisamente a mesma coisa aos humanos.
O amor é uma linguagem universal. E quando converso com estas senhoras, gentis e sensíveis, só posso perceber que tenho razão.
Já ganhei o dia. Descobri-te 🙂
Acredito que devemos ser gratos pelas coisas boas que nos entram na vida.
Muito obrigada pelo que escreves 🙂
Uf 🙂 Fiquei arrepiado! OBRIGADO!!! Peço desculpa pela demora – aventuras da semana. Obrigado!!! 🙂 🙂 🙂