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A tarifa e o troco

O dia número oito da vida depois da vida como ela era antes. Os momentos médicos e desportivos matinais, um almoço de maravilhosas e magníficas favas com os acompanhamentos maternos tradicionais. Uma rápida e agradável viagem de metro e autocarro até ao outro lado da cidade (outro, mas próximo), para um encontro de reflexão e busca de oportunidades.

 

Desabituado de fazer ultimamente este tipo de percurso em transportes, ainda me lembro, no entanto, de comprar uma viagem para o autocarro, na estação de metro. Mas não duas, para ir e voltar: As capacidades de previsão não chegam para tanto.

 

Horas depois, lá na outra ponta da capital, não parece haver onde adquirir viagens pré-compradas. Entro no eléctrico, moderno e rápido. A tarifa de bordo é o dobro do preço de uma viagem pré-comprada. Sentindo-me atingido no bolso, bato à porta da cabine com o objectivo de pagar a tal tarifa.

 

O homem da cabine remete-me para a máquina automática, onde está escrito que aceita moedas e notas de cinco e de dez. Tiro a nota de dez do bolso e introduzo-a na máquina. Uma vez, duas, três, e por aí fora. Sempre rejeitada.

 

Um rapaz português de olhos muito azuis olha para mim interrogativamente: A máquina aceita ou não aceita notas? Explico-lhe que as coisas não estão a correr muito bem. Responde, filosoficamente: “Epá!”. E sai, na paragem seguinte.

 

Fico especado durante longos minutos a olhar para a máquina, fria, anónima, não especialmente competente. Chego à minha estação e saio.

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