by

Só existe porque esteve para não existir

Um texto que só existe porque esteve para não existir? É um facto, foi assim que aconteceu, mesmo, a verdade é essa. E a explicação é a que se segue. Acordara extremamente cedo, havia muito a fazer. Tratamentos felinos, corrida matinal, ida semanal ao veterinário, redacção e publicação da(s) crónica(s) da manhã.

 

Sento-me à frente do computador, ligo-o… Não aceita a password nem o pin, após várias tentativas. Peço ajuda por mail, através do telefone. Mandam-me um código. O código não funciona, após várias tentativas.

 

Desespero. Ligo ao meu muitíssimo gentil e paciente amigo que me aconselhou na compra do computador, e me ajudou a instalar o software. “Ai é? Eu vou para aí!”. Quantas pessoas no mundo fariam isto por alguém? Não conheço mais nenhuma.

 

Sento-me no sofá, à espera, Jeremias a miar nas pernas, “Ressurreição”, de Tolstoi, na mão esquerda, mão direita a apoiar a Amélia, que se instala no meu pescoço, encostada à minha cara. Não ia deixar cair ou escorregar a ronronante menina, claro.

 

Esqueci-me de dizer ao amável e tolerante amigo que tinha um encontro às 14H30, fora de Lisboa, e, ainda por cima, importante e decisivo. O amigo veio o mais depressa que pôde, mas, naturalmente, não voa. Chega na altura em que ainda tenho que acabar de preparar tudo, e sair, bem depressa, para não me atrasar. Por milagre, resolve o problema em dois minutos. “Obrigado, desculpa, amigo, agora tenho que acelerar!”, digo (senti-me culpado).

 

Lá vou eu, a tentar lembrar-me correctamente do sítio, do caminho, de como chegar lá. O lugar não é assim tão longe, e é facílimo de encontrar. Estacionar também não é complicado, depois de uma voltita ou duas. Chego uns cinco minutos antes da hora marcada. Não há segurança na porta, que está fechada, bato e toco sem resposta. Aparece alguém que trabalha no edifício, me abre a porta e indica na direcção do elevador. Ainda não estou atrasado.

 

A conversa corre muito bem, aponta-me pistas, ideias e caminhos para o futuro. Nesta altura, é tempo de voltar ao ponto de partida e perceber que o dia até está a ser bastante produtivo e enriquecedor.

Write a Comment

Comment