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Os tascos não são todos iguais

É um restaurante japonês com menus a menos de cinco euros, dirigido por paquistaneses e indianos, e que se chama “Pastelaria Flor do Mar”, mesmo em frente à minha casa. Só por isso vou disfarçadamente espreitar o ambiente e ver se posso recomendar o cosmopolita lugar aos meus amigos.

 

A investigação começa pelas questões básicas… Aparece primeiro um senhor indo-paquistanês que fala um inglês sumário e nenhum português, e pergunto se aceitam cartão multibanco, ou cartão refeição. O homem responde, no tal inglês asiático, que só a partir de 20 libras. Libras? Não quer dizer euros, amigo? E isso não é muito para limite mínimo de uso de cartão?

 

Surge um rapazito novo, simpático e comunicativo. “O cartão refeição é Milenium, não é”?, questiona. “Sim”, respondo. “Ah, sim, não há problema”, afirma ele. Mas continua a haver limite mínimo, embora agora já seja só de 12 libras, (ou seja, de 12 euros). Volto costas: “Forget it”, é demasiado complicado.

 

Nesta zona da cidade, há frutarias, lojas de conveniência, mercearias, tascos e restaurantes indianos e ou paquistaneses a cada dois prédios. É de noite, e a conversa estimulou a irritação e o apetite. Vou passando por esses estabelecimentos asiáticos – e brasileiros também -, todos demasiado caros para os dias que correm.

 

Esquina após esquina, prédios e mais prédios, chego a um beco sem saída. Até que, no último metro do quarteirão, surge mais um destes lugares exóticos, um Kebab Doner. Aceitam cartões de refeição. Não impõem limites mínimos. São todos simpáticos e conversadores, em inglês, e com uma ou outra palavra de português. Até me oferecem um banquinho e uma mesinha, dentro do seu espaço minúsculo de restauração, para me sentar a ler o jornal e a mandar mensagens no telemóvel. Cinco euros dá para uma sandes enorme de kebab, umas batatas gigantes fritas na hora, deliciosas e polvilhadas com orégãos, e ainda uma boa cervejinha. A procura terminou.

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