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O silêncio dos feriados

Não se ouvem as pessoas a ir apressadamente para o trabalho, os carros e autocarros a apitar, os cafés e as lojas a abrir e a acolher os seus clientes.

Escuta-se o silêncio, a calma e a paz da cidade, e pouco mais. É feriado. Dia da Implantação da República. E calha num dia de semana, Quinta-Feira.

Sento-me no sofá, a ler o inquietante e perturbador The Night Of Morningstar, protagonizado por Modesty Blaise, oferecido há 31 anos, editado quatro anos antes.

A minha princesinha Matilde mia, abraça-se a mim e ali fica.

Às nove, vou comprar o jornal à bomba de gasolina, a pé. Volto, leio algumas das páginas e atiro-me à corrida diária de uma hora.

Hoje só há turistas, e já são muito menos do que em Agosto, ou até do que nos dias de semana normais. Não há a azáfama própria dos dias de trabalho. Consegue-se correr com tranquilidade.

Volto a casa, tomo banho, devoro uma boa sopa de leguminosas e vegetais mais que variados e 40 páginas de anúncios de emprego, dos quais respondo a meia dúzia, adequados para aquilo de que preciso e que procuro – nada na minha área original, onde não faz sentido continuar a apostar.

Passo o dia todo com os aparelhos sonoros desligados – rádio, televisão -, apreciando os sons pacíficos e harmoniosos que saem da rua.

Após este trabalho de busca de algumas horas, permito-me o luxo mensal de uma ida ao cinema.

É adorável andar nas ruas e nos transportes nestes dias, e é algo que já não fazia há algum tempo.

A calma invade-me.

Horas depois chego a casa, e o ambiente é exactamente o mesmo.

Após uma tarde de ausência, os meus quatro coabitantes felinos protestam com veemência e exigem atenções e carinhos redobrados.

Passou mais um dia. Um dia diferente.

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