A esplanada convida.
É lá que se instalam o livro policial, os jornais dos dois dias anteriores, os óculos e o dono de tudo isso, perante o olhar descrente dos empregados.
Chove. Na primeira metade do almoço, os toldos chegam para proteger da água, com várias mudanças de cadeira para o efeito.
Uma ou duas horas depois, as palavras cruzadas já estão quase a nadar em gotas caídas do céu, mesmo se o conjunto humano-mais objectos se deslocou para o centro dos toldos da mesa tripla.
O prato é arroz com múltiplos legumes e gengibre, acompanhado por um copo gigante de sangria que supostamente teria álcool, mas se parece mais com uma bebida detox.
Há um homem que vem passear o cão velhote e simpático, o “Leão”, mas é obrigado a desistir. A carga de água que se mantém durante duas horas ininterruptas torna a tarefa impossível.
Um casal de turistas faz o que não seria de prever.
Também se mantém corajosamente na esplanada insegura até ao fim da refeição.
Os três ocupantes das mesas ao ar livre ficam a saborear o exotismo do Oriente. A água cai com força e vai molhando mais de metade das cadeiras.
No final, o visitante de terras distantes comenta: “The rain washes everything for the new year! A chuva lava tudo para o Ano Novo!”.