Entrou no café cheio de camónes, disse bom dia e pediu um café cheio.
As meninas brasileiras e simpáticas, tal como os empregados cariocas e gentis, já sabiam o que queria.
Ingeriu religiosamente aquele líquido quente e revigorante, o melhor de todo o quarteirão.
Observou a rua, o jardim, os turistas a passar.
Aquele bar-restaurante-café para estrangeiros e nacionais estava aberto todos os dias da semana.
O estimulante contido numa chávena custava mais 30 por cento do que nos outros sítios, mas valia a pena.
Depois de sorvê-lo, sentia-se com mais vontade de enfrentar o dia.
Por via das dúvidas, ainda deglutia mais um daqueles produtos milagrosos, não tão bom mas mais barato, numa tasca típica à porta do local de trabalho.
À hora do almoço, procurava qualquer outro estabelecimento com um ar modesto mas suficientemente decente.
Uma sopa, um euro e meio.
Quando ouviam as frases a formar-se nos seus lábios usando a língua de Camões, o tratamento tornava-se o mesmo dado a alguém que tivesse passado as últimas décadas na prisão.
Possivelmente atenderiam melhor um cão ou uma cadela, que se lhes dirigisse em busca de um osso ou uma malga de água.
Tudo isso lhe passava completamente ao lado.
A sua mente viajava por outras cidades, países e planetas.
Após o repasto, mais algumas horas de labor.
E o regresso a casa.
O dia seguinte seria outro dia, o outro também e o posterior igualmente.
A existência decorria, uma hora após a outra, uma jornada antes daquela que viria depois dela.