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Nunca tinha tido a consciência do fim

“Nunca tinha sentido a consciência da finitude, do fim, até ela ser internada, ter um AVC e eu perceber que se calhar não tinha maneira de saber como ela estava, como as coisas estavam a evoluir.

Adquiri esse sentimento de fragilidade, a minha e a dos que me rodeiam. Afinal de contas, os pais das pessoas da nossa geração (como ela) estão todos a chegar ao fim da vida.

E nós, daqui a pouco, na melhor das hipóteses já percorremos pelo menos metade da nossa.

Saber que um dia vou perder aquela pessoa é uma questão com a qual não estou a conseguir lidar”.

“Bom, por muito que te prepares essa preparação não será nunca suficiente. Um dia isso vai acontecer, vai ser o pior dia da tua vida e depois vais ter que seguir em frente.

Eu tenho a sorte de continuar a ter os meus dois pais. Mas perdi aquele que era o ser central na minha existência, o meu doce e meigo Chiquinho. É um tipo de sofrimento que não tem descrição ou comparação, devasta-te e dilacera-te por completo.

E modifica-te profundamente. Eu já não sou a pessoa que era quando ele partiu. Penso que teve a generosidade de deixar impresso para sempre em mim o melhor dele…

Bem, nele era tudo bom. Era um anjo.

Nunca vamos estar preparados para esses dias, que são os piores das nossas vidas. Depois, a existência continua”.

Demos um abraço muito longo e forte, antes de cada um ir apanhar o seu transporte e regressar ao conforto e ao carinho da sua casa, com os seus animais e ou os seus familiares.

A conversa foi terapêutica e libertadora. Falámos da vida, da morte, da felicidade, da tristeza, de como existir é bom… E difícil, por vezes.

A gozar 17 dias de férias de 2018 agora, naquele dia tive três encontros, igualmente profundos, com amigos igualmente próximo. Mas este marcou-me de uma forma especial.

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