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Mesmo na rua é preciso respeito            

Cara não muito limpa nem apresentável, cabeça e cabelo com aspecto descuidado e quase desfigurado. Cumprimenta com a mão direita, depois a esquerda e a dextra de novo.

Agradece muito a comida entregue pela Comunidade Vida e Paz. Pergunta se há roupa. A associação está com problemas de armazenamento e distribuição, temporários. Não há roupa.

Agradece e cumprimenta de novo, a partir da cama improvisada naquele lugar onde mora, na calçada.

Um pedaço de chão arranjado com carinho, onde é possível ver sapatos, cobertores, alguns pertences.

Há uma mochila do Pateta, da Disney, carinhosamente pendurada e destacando-se no meio daquele cenário ambíguo e semi-caótico. Dizemos-lhe boa noite e prosseguimos.

O serão começa como acaba. Três ou quatro horas depois, junto a uma farmácia, há um homem que dorme e outro que está a pé.

Numa espécie de árvore de Natal permanente, os enfeites são garrafas e embalagens de plástico.

Encontramos um jovem negro, bonito, pele suave e leitosa.

Muito, muito simpático, é a opinião comum dos voluntários que vão entregar-lhe a comida.

Diz que está à procura de umas beatas de cigarro antes de ir dormir, mas não quer fazer barulho e incomodar o companheiro que descansa.

Explica que, mesmo na rua, é preciso respeito.

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