O bem estar espiritual chega através das coisas que parecem irrelevantes.
Levanto-me cedo. Faço uma corrida de uma hora.
Dedico-me depois à caminhada matinal acelerada. 20 minutos de um terminal de comboios a outro, à beira rio, com o nascer do Sol no programa.
O pequeno-almoço à frente das águas, a ler as notícias da manhã. Café, em dose liberal, porque dentro de 24 horas é dia de folga, não há horários rígidos e a insónia não assusta.
A minha Amélinha, a “Gááta!!”, distribui umas arranhadelas a meio da noite, sempre ansiosa por dedicar-se ao disparate. Sacudo-a com o pé. Fica encostada, enroladinha, contra as minhas pernas, a ronronar até de manhã.
O mesmo fazem o Jeremias e a Matilde. O tigre caseiro que se porta como sombra do seu humano e a princezinha cinzenta, que se alimenta dos mimos e da atenção que lhe dedico.
Deita-se de lado, dá-me o corpinho, para lhe fazer festas no farto pêlo e lhe dar beijos na barriga redondinha.
Ao mesmo tempo a “Gááta!!” canta, dá gritinhos e mia. Rebola no chão, estica-se à minha frente.
Quer a mão, os dedos, a passearem-se pela sua silhueta negra e luzidia enquanto me observa com aqueles olhos verdes claros sempre cheios de curiosidade, amor e malandrice.
O que me faz feliz são os olhos deles.
O Chiquinho foi “O meu primeiro gato”, e hoje continua a visitar-me nos sonhos, conversando comigo, dando-me amor e pedindo-me miminhos, como fez ao longo de toda a sua vida.
Mas antes de o conhecer já existiam o Jeremias, o primeiro felino a querer travar amizade comigo, e a Matilde, que quando me conheceu veio para o meu colo, mostrando que eu “devia ser muito boa pessoa”.
Hoje fazem anos. Que venham muitos mais!