Nestes dias sabemos que é uma felicidade completa trabalhar no Sábado e no Domingo.
O país sofre temperaturas de 47,5 graus, o Sul arde, os lisboetas derretem no Top do Calor e vive-se um pequeno inferno nas ruas, para quem não está habituado.
Ao mesmo tempo nós, os privilegiados, estamos mergulhados num edifício refrigerado, acolhedor, aprazível.
Os operadores vêm trabalhar quase sem roupa e encontram-se miúdas semi-desnudas nas escadas, a aquecer, porque dentro das salas de trabalho está fresco demais.
Passamos aqui o período mais quente do dia e quando saímos o estio já acalmou. Caminho para casa rapidamente, já só estão 30 e muitos graus.
No lar: Portas e janelas abertas, persianas fechadas, a água da fonte dos gatos reabastecida, directamente do frigorífico, duas vezes por dia, a ventoinha ligada sempre que estou lá.
Dou patê renal aos meus três companheiros de quatro patas, incluindo mesmo o Jeremias, apesar de este estar em dieta por pesar seis quilos e 400 gramas.
Sobrevivemos os quatro à onda de calor, com cuidados extremos e muita preocupação.
Para mim é muito mais fácil, graças às nove horas de aquecimento intenso vividas sob temperaturas polares, e encerradas com um bom copo de cerveja gelada à saída.
Mas faço o que posso para que também seja suportável para eles.
No dia mais quente do ano (e não só), a Amélinha, a “Gááta!!”, estava excitadíssima, pedia as habituais doses industriais – agora triplicadas – de carinho. Falava e cantava para mim.
Na primeira noite da onda de calor, o Jeremias e ela ainda vieram dormir em cima de mim, colados ao meu corpo, bem cozidos à minha pele destapada, algo que os faz sentir-se felizes, ligados e protegidos.
Nas seguintes ficaram apenas – eles e a Matildinha – à minha volta, encostados a mim, ocasionalmente enrolados, mordendo-se e lutando animadamente entre si. Até um desistir, saltar para o chão e fugir.
Andei à procura de fios e extensões, a deslocá-los e trocá-los de sítio e liguei a ventoinha: Mais umas boas horas de loucura felina à volta do estranho e entusiasmante objecto.