A máquina de lavar entregara a alma ao criador. Fui comprar uma.
Pedi que, na entrega, recolhessem a antiga.
Sim, tudo bem!
No dia seguinte, chegam os dois rapazes da terra de Gabriela Cravo e Canela.
Instalam a máquina mas não têm ordens para levar a velha. Um erro do sistema levou a que não fossem emitidas as guias.
Após meia dúzia de discussões e reclamações telefónicas reagendam o levantamento do vetusto electroméstico para daí a 48 horas.
Peço que venham às oito da manhã porque é dia de trabalho. Chegam às três da tarde.
Com todas as mexidas, máquinas para trás, monos para a frente, homens a entrar, indivíduos a sair, a Amélinha, a “Gááta!!”, desaparece.
Entro, saio, vou à escada e à rua, regresso. Vejo em cima, em baixo, atrás, à frente dos armários.
Longos e angustiantes momentos depois ressurge na cozinha, perto da caldeira de água, a um centímetro do tecto. Descubro mais tarde que durante algum tempo permanecera oculta no quarto, entre o édredão e o colchão da cama.
Terminado este episódio alucinante preciso de fumar um cigarro, ler algumas páginas d’ Os Miseráveis de Victor Hugo e dar 500 abraços à minha “Gááta!!” para me acalmar.