Barba comprida como a de Tolstoi, bigode farto, piercing no nariz. Senta-se com os pés dentro dos ténis cruzados em cima da cadeira, atende em inglês ou alemão com um ligeiro sotaque. Ouço-o a falar sobre a Roménia.
– Ah, então és romeno?
– Sim.
– Já estive na Roménia e adorei.
– Claro. O que há para não gostar na Roménia… À excepção dos políticos. Onde estiveste?
– Nos mosteiros de Bucovina, no Castelo de Pelles, em Sighisoara.
– Viste muitas coisas bonitas, e uma natureza irresistível.
– Sim. E também gostei de Bucareste.
– Vivi lá, mas não voltaria a fazê-lo. Neste momento até Lisboa é muito grande para mim. Tens um i-Phone?
– Não, isto é um telefone de, de… Marca branca, como nós dizemos em Portugal. É o mais barato dos smartphones.
– Bem, faz chamadas, manda SMS. Portanto, é um telefone. Tal como o iPhone ou o Huawei. Têm um marketing bem feito, mas lá por isso não deixam de ser telefones.
– Pois.
– Precisava de aceder a um iPhone. Estou a tentar explicar a uma senhora como funciona a nossa App num telefone, mas estas imagens que estou a ver no Google não ajudam nada. Fiquei na mesma. Enfim, vou telefonar-lhe e tentar esclarecê-la o melhor possível.
– Boa sorte!
Fico a vê-lo a falar com a utilizadora, com a sua barba, o seu piercing, muita segurança e profissionalismo. Num call center, as coisas nunca são o que parecem.