A vida ficou muito mais saudável para o Chiquinho, a “Gááta!!”, o Jeremias e a Matilde depois do Natal. A sua mamã semi-inglesa, que vive na capital do Império de Sua Majestade, trouxe-lhes prendas espectaculares.
Brinquedos recheados com erva-gateira, uma luva escovadora e uma fonte de água filtrada. Primeiro, esfregaram-se nos pequenos bonecos, morderam-nos, arrastaram-nos, atiraram-nos ao ar e transportaram-nos à velocidade do som de uma ponta à outra da casa.
Depois montei a fonte. Ao princípio não quiseram nada com ela. Claro que a Matildinha teve medo do funcional e silencioso mecanismo. Já a “Gááta!!”, quis brincar e tomar banho nesta preciosa peça decorativa de grande utilidade.
Mais tarde ela, o Jeremias e até a Matilde decidiram-se a usar o instrumento para aquilo a que se destina. O Chiquinho gosta mais de poças, bebedouros e derramamentos de água no chão, que produzem o mesmo efeito.
Deixei os bebedouros secar e azedar e finalmente resignou-se. Para combater a insuficiência renal generalizada cá em casa, já não tenho que ir mensalmente ao Continente buscar dezenas de garrafões de água de Monchique.
Por essa altura, estreei a luva de escovagem. Com a Matilde e o Jeremias não tenho sorte nenhuma, por muito confortável e eficaz que este utensílio seja.
A “Gááta!!” mia, ronrona, vira-se, rebola, tenta agarrar-me a mão envolta em borracha e velcro e consigo extrair-lhe metade de uma bola de ping-pong em pêlos.
O Chiquinho já gostava muito de ser tratado com escovas e pentes. Com esta mudança de método delira completamente. Mia e volta a miar, anda à minha volta, esfrega-se em mim e na luva com prazer indescritível.
Retiro-lhe o triplo dos pêlos do que à “Gááta!!”. Depois passo com um pano húmido e outro seco pelo casaco que a Natureza lhe deu, para que se mantenha bonito, lustroso e hidratado.
Ele continua a fazer ouvir a sua voz, feliz, sentindo-se homenageado e condignamente tratado.