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É Natal? Onde é que ela está?

Surripiava umas ovelhas e uns Reis Magos de louça de uma loja da Margem Sul quando andava na Secundária e era dessa forma que se exprimia, então, o meu espírito de Natal.

Há muitos anos que me interrogo sobre o que é e para que serve a quadra natalícia. Para levar a cabo um frenesim de consumo, comércio e esbanjamento sem fim.

No seu aniversário e nesta altura do ano, as crianças recebem tantos brinquedos que ficam sem saber quantos têm e desinteressam-se por metade deles.

Para as famílias se encontrarem e celebrarem o amor e a fraternidade. Quando, em muitos casos, passam o tempo a atacar-se e a maltratar-se 24 horas por dia.

Além de que podem reunir-se e confraternizar quando assim desejarem, sem precisarem de uma data para isso. Se quiserem.

Para levar a cabo bonitas e vistosas acções de solidariedade, com ou sem figuras públicas muito carinhosas e preocupadas. Mas esses actos de hipotético altruísmo devem acontecer algumas centenas de vezes anualmente, em vez de estarem reservados para Dezembro.

As Pessoas Sem Abrigo e os doentes de cancro continuam a ser Pessoas Sem Abrigo e doentes de cancro em Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto, Setembro, Outubro e Novembro.

Ainda por cima, a celebração natalícia assenta, como todas as outras festividades organizadas por humanos, no massacre, na tortura e no abuso de animais, maltratados e sacrificados para prazer de pessoas ditas civilizadas.

Tenho uma enorme resistência em desejar Feliz Natal e Boas Festas a quem quer que seja, porque não acredito na existência de um Feliz Natal nem de umas Boas Festas.

Desejo a todas as pessoas, conhecidas ou não, prósperas ou desabonadas, um feliz Dezembro. E o mesmo em relação aos outros meses.

Com muita consciência das coisas que podemos fazer por aqueles que nada têm ou que estão totalmente desprotegidos, sejam eles humanos ou outros animais.

Por isso, sempre que alguém diz que é Natal, fico a pensar: “É Na Tal? É Na Tal?! Então, onde é que ela está?!”.

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