Há cães, gatos e humanos espalhados na recepção, às oito e meia, à espera de serem atendidos. Todos os bichos escolheram o dia para adoecer.
Sou persuadido a pesar os meus, sozinho: As auxiliares estão todas ocupadas.
A seguir, entro num gabinete mas acabo por sair, para dar a vez a alguém com uma situação mais urgente.
Chega a vez de a Matilde, o Jeremias e a Amélinha, a “Gááta!!”, fazerem as análises quadrimestrais e, no caso dos dois primeiros, também o soro, o Ornipurol e o Cerénia.
O Jeremias piorou um bocadinho da insuficiência renal, e é difícil dar-lhe o tipo de medicação, líquida e pastosa, que poderia ajudá-lo mais, em conjunto com os comprimidos que já toma.
A Matilde melhorou no que toca à Ureia, Creatinina e Hemoglobina.
A “Gááta!!” está um bocadinho pior, e ainda é só uma miúda ronronante de cinco anos. Felizmente rejubila com comprimidos, com ela o único risco é que tome demasiados.
Vamos trocar um dos Lesperim diários por Banacep, um fármaco mais eficaz.
A propósito de medicamentos, hoje também é dia de comprar uns quantos. No final, a conta dos três gatos daria para sustentar uma família humana durante umas duas semanas.
Chego a casa e vejo que a auxiliar me deu a pasta errada para combater a formação de bolas de pêlos. Volto atrás, e na clínica cobram-me mais alguns produtos que se tinham esquecido de contabilizar.
Regresso ao carro. Não pega. Dou várias voltas a pé, com o bólide em segunda fila, e vou fazendo tentativas. Aproveito para me pesar e ficar mais irritado.
Continua a recusar-se. Vou a uma estação de serviço e peço emprestada uma pequena e prática bateria, com uns curtos cabos eléctricos.
Chego ao café e peço a ajuda a um desconhecido simpático e paciente que ali trabalha. Sou completamente nabo, tenho medo de dar cabo do carro.
Ligamos o aparelhómetro, que ele acciona correctamente, dou à chave, ouço o almejado barulho do motor. Assim começou a semana.