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Uma segunda oportunidade

Era o boss na disciplina de inglês, desde o segundo ciclo do ensino básico até ao último ano da faculdade – e também na de alemão, e ainda largava umas postas em francês, que nem tinha oficialmente, mas do qual assistia a umas aulas com a conivência de uma professora fofa, para depois dar explicações dessa língua ao discípulo que tinha na altura.

Depois, o tempo passou. Apesar dos muitos anos de estudo e prazer, sólido e utilizável de imediato só ficou o inglês. Pensava eu.

Há um ano tentaram fazer-me uma entrevista de recrutamento por telefone, em inglês – por um telefone em que, na altura, não se ouvia nada. Baralhei-me todo, não disse nada de jeito e não passei dessa primeira fase de recrutamento.

Depois disso, a minha ex-mulher e amiga ofereceu-me o maravilhoso livro A Street Cat Named Bob, e eu pedi-lhe que me mandasse a segunda parte da sequela (The World According To Bob) e a terceira (A Gift From Bob).

Agora estou a ler Nicholas Nickleby, de Charles Dickens. E a ouvir, 24 horas por dia, as notícias da France Twenty Four, em inglês.

No outro dia voltaram a ligar-me do mesmo empregador. A chamada telefónica foi verdadeiramente A Piece of Cake: Foi canja (canja vegan, neste caso).

Fui fazer os testes orais e escritos, de conhecimentos gerais e gramaticais, e senti-me como peixe na água, like a fish in the water! Parecia que tinha voltado aos dias da escola secundária.

Não faço a menor ideia do que vai acontecer, mas sinto sinceramente que aqueles testes bem valiam uma nota de 99%, como nesses bons velhos tempos (normalmente eram de 100%, e, se tal não acontecesse, o que era extremamente raro, ficava furioso).

Tudo isto me andava a passar ao lado mas, na verdade, o meu inglês apenas precisava de uma segunda hipótese para recuperar plenamente a boa forma de outrora. A second chance. Parece-me que somos os dois!

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