A minha amiga foi de férias uma semana, antes de saber que a sua gatinha ia precisar de fazer medicação diariamente.
Não tinha coragem para me pedir ajuda, mas, felizmente, soube da situação e disse-lhe que não me custava nada ir lá diariamente tratar dos assuntos da pequenita, que tem a venerável idade de 19 anos.
Obrigou-me a aceitar um saco de quatro quilos da ração renal e caríssima que os meus gatos comem, e mais uma infinidade de snacks renais que os deixaram loucos de alegria.
Esta semana, tenho ido lá todos os dias tratar da comida, da higiene, dos comprimidos – e fazer-lhe companhia, dar-lhe miminhos, conversar com ela…
Quando chego a casa, ou vou ter com ela ao sítio onde gosta de estar, começa logo a manifestar-se. É parecida com a minha Matildinha: É meiga, doce, discreta e fica feliz quando lhe dão atenção e a fazem sentir-se querida e amada.
Mia para mim com aquela doçura própria dos felinos, anda à minha volta, levanta a cauda em forma de ponto de interrogação e fá-la tremer e vibrar de contentamento.
A medicação é dissolvida em água e misturada com comida húmida, mas tem que ser em forma de mousse. Não pode ser soufflée, e muito menos com pedaços, porque é mais aborrecido de mastigar e esta geriátrica fofinha não quer fazer isso.
Confrontada com o preparado quase aguado, acaba por lamber sempre tudo até ao fim. Se está com menos vontade dou-lho à colherada, como faço com a minha Matildinha quando isso acontece.
Perante esta atitude mais personalizada, exclusiva e carinhosa, lá acaba por se deixar convencer.
Depois de lhe tratar da casa de banho, da água e da ração, e de ver se há alguma coisa que seja necessário limpar na casa, sento-me ao lado da minha amiguinha, que, ao primeiro dia, comecei logo a perspectivar como mais um dos meus filhotes felinos “naturais”.
Lemos as notícias, a maravilhosa história d’ Um Gato de Rua Chamado Bob, O Monte dos Vendavais…
Para mim, é mais uma actividade agradável, inspiradora e relaxante. Para ela, é o amor, o carinho, a atenção e a dedicação de que precisa, e que a sua humana, com muita pena, não pode fornecer-lhe esta semana.
Pode ser que um dia ainda venha a ser catsitter… Porque não?!
Mas que bem. É maravilhoso como os gatos nos dão o retorno de todo o amor que lhes dedicamos. Quem nos dera que fosse tão simples com os seres humanos…
Obrigado, querida doutora (com um atraso de um mês e meio, desculpe!). Beijinhos.