Tinha tido um acidente imponente e inquietante uns quanto meses antes, cujo estrago foi tão grande que até dava para comprar outro carro (pelo menos), e que deixou o condutor vivo graças a um verdadeiro milagre.
Algum tempo depois, na auto-estrada para o Barreiro, de repente o bólide começa a fraquejar. Atacado pela mania de deixar o veículo gastar até à última gota de combustível, andava sempre com ele na reserva. “Verificar Injecção”, disse-me ele.
Teve que levar uma nova bomba de injecção, bomba de água, bomba de óleo e correia de distribuição. E a primeira destas peças, “de certeza”, só teve que ser substituída por causa da tal mania de não o abastecer.
Serviu de emenda, amarga e cara, porque todas as peças custaram umas cinquenta vezes o seu peso em moedas de dois euros. Nunca mais o tanque andou abastecido, quase, a ar.
Apenas umas semanas depois, de novo na auto-estrada, a mesma mensagem. “Verificar Injecção”. Como?! A viatura foi deixada no Barreiro, Domingo, para que, na mesma oficina que o arranjou, detectassem que raio se passava.
A viagem de volta a Lisboa foi feita no Clio cinzento do Sr. Ventura Sénior, que tem 16 anos e se encontra em melhor estado e com menos humores e caprichos do que este seu concorrente mais novo, a gasóleo, com pouco mais de metade dessa idade.
Segunda-feira, oiço a voz do meu pai, tranquila, do outro lado do telefone. “Olha, o carro não tem nada. Foi um amoque temporário. Tens que ir vigiando, e, aos 175 mil, fazer a revisão. Na oficina disseram para fazeres nessa altura, embora ele também já mostrasse as palavras ‘fazer revisão’ e o desenho da chave de fendas”.
E assim começa a semana com uma boa notícia. As boas notícias são sempre bem vindas.