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Tempestade de Trump

Interessa-nos o que se passa lá do outro lado do Atlântico, sim. Os Estados Unidos são a maior potência militar do Mundo, e uma das duas maiores potências económicas do Planeta.

Ganhar Hillary ou Trump é a mesma coisa? Hillary é uma representante do mundo democrático, civilizado, onde existem relações normais entre pessoas que se respeitam e defendem a liberdade de expressão, de imprensa, de escrita, de pensamento.

É alguém que não vai ficar indiferente aos apelos e dificuldades das minorias de todos os tipos. Não vai esquecer a classe média nem a classe mais desfavorecida, espera-se. Não esquecerá a herança do Partido Democrata, de Bill Clinton e de Barack Obama, que prestaram atenção aos que têm muito pouco ou nada. Também é a mulher do sistema, de Wall Street, dos milionários e da falta de transparência? E Trump?

Trump é o homem que é apoiado pelo Ku Klux Klan, pela extrema direita, pelos brancos racistas e extremistas do Estados Unidos. Passou todos os meses da campanha a mentir aos norte-americanos e ao mundo, sem ser suficientemente desmentido pelos órgãos de comunicação, que, deslumbrados com o espectáculo da estupidez de Trump, fizeram com que este fosse um candidato presidencial possível.

Todos os dias inventava uma mentira sobre os democratas, Hillary ou Obama. No dia suficiente desmentia tudo, dizia que não disse o que disse. Promete atacar e perseguir imigrantes, muçulmanos, mulheres, deficientes, todas e quaisquer minorias sociais, económicas, sexuais, étnicas, religiosas.

É um candidato a ditador eleito, amigo de ditadores eleitos, como Putin. É um brutamontes, um troglodita, a quem muitos brancos racistas e extremistas (e não só) admitem oferecer o poder de carregar no botão nuclear. Um candidato a ditador totalitário e extremista num mundo onde estas figuras proliferam hoje. Imaginemos um planeta com ditadores, eleitos ou não, nos Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Rússia e China. Hoje, estamos a um passo de isso acontecer. Não vimos uma coisa parecida com isto há sete décadas?

O sucesso de figuras extremistas como Trump, Marine Le Pen, Nigel Farage, Viktor Órban, Frauke Pétry (Alternativa Para A Alemanha, partido extremista anti-imigração) é algo que podemos agradecer aos políticos moderados de esquerda e de direita do Ocidente. Durante estes últimos setenta anos de paz, preocuparam-se em construir e arranjar a sua vidinha e os seus lobbies, e enriquecer à conta da política.

Depois de ter sido construído na Europa o Estado Social, um lugar onde todos se sentem protegidos e querem viver, a ganância dos gigantes empresariais internacionais e das multinacionais da banca e da finança, com a incompetência e interesseirismo dos políticos, e a libertinagem económica descontrolada (o lado negro do capitalismo) destruíram esse Eldorado em que vivemos durante alguns anos.

A globalização, a recessão, o desemprego, as crises económicas, bancárias e financeiras, e a forma como os poderes económicos que as provocaram foram apaparicados pelos governos e pelos políticos, fizeram o resto. O inferno que se abre à nossa frente foi laboriosamente construído e acarinhado pelos poderes económicos e políticos ocultos que mandam verdadeiramente em nós e na realidade.

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