Sentava-se num lugar pouco exposto da sala e não se esforçava por dar nas vistas. Tinha o seu quê de tímida mas conversava fluente e agradavelmente sobre o que quer que fosse, aquela miúda de feições asiáticas e olhos rasgados.
Além disso, a Cristina dividia com a Carla os créditos de melhor, mais inteligente, mais aplicada e autora dos resultados mais elevados. Quando os outros enfrentavam dificuldades extremas, era com elas que iam falar e nunca ficavam mal servidos. Certas matérias não eram pêra doce, e exigiam a intervenção de cérebros finamente calibrados.
Depois desses anos, ainda falámos umas poucas de vezes. Ao contrário do resto do pessoal, não quis nada com o estágio da RTP. Não era a cara dela, embora fosse dona de um rosto cativante e de uma dicção agradável. Os voos dela seriam outros.
Acordo a ouvir uma manifestação de imigrantes, com pronúncias, religiões e etnias de todas as partes do Mundo, que entoam, num inglês carregado de sotaques, o seu apoio incondicional a Donald Trump, junto à torre do magnata do imobiliário.
No meio desse coro entusiástico, bizarro e quase enlouquecido (“Trump, Trump, Trump!!!”), escuto a voz da Cristina. O contraste é arrepiante. Esta repórter de elite destaca-se e triunfa no mundo das notícias com a sua voz calma, serena, tranquila, como um riacho fresco e suave que se dirige a um mar tumultuoso.
Há décadas que acompanho a Rádio da Informação, que, junto com O Meu Jornal cheio de infografias e artigos de opinião e análise, são a minha bússola para o mundo. Há uma porção de anos que a Cristina está lá, como jornalista, editora, repórter…
Todos os dias, num planeta noticioso de stress, ansiedade, loucura, histerismo e demagogia, a voz dela continua a ser um clarão de tranquilidade. Se a Cristina estiver no meio de um comício de apoiantes extremistas, exaltados e loucos de Trump ou de Marine Le Pen, vamos poder sempre contar com a calma dela.
Vasco, estou sem palavras…
Apenas uma: obrigada.
Saudades e beijo de Nova Iorque.
Cristina
Também sem palavras, só posso dizer uma coisa, Cristina 😀 CONTINUA! Nós estamos a ouvir-te. Atentamente.
Ē verdade!! Ouvi a peça dela na TSF e tive a mesma percepção que tu: que voz serena traz o mundo até nós. Nem o tumulto que a rodeia consegue desequilibrar a tranquilidade que veste o off. Grande senhora da Rádio. Lembro-me que quando as aulas começavam às 8 da matina, a CRISTINA já tinha duas horas de trabalho em cima, na Radio Azul, de Setúbal! Que honra termos conhecido esta miúda! Eu de vez em quando ainda a encontro no ginásio, onde esfalfamos as duas o coiro!! Continua igual a si mesma, com o mesmo sorriso e calmia no olhar! Só um reparo: ela não é oriunda de Macau. Ela nasceu em Moçambique, e a China é a origem dos avós, ainda que uns falem cantonês e outros o mandarim. Resultado: ela nunca aprendeu nenhuma das formas de falar chinês!! 🙂
E, para terminar, sinto-me muito honrada por me incluíres na contextualização inicial do teu post. ?
Obrigado a ti, grande amiga, colega e mulher, que fez totalmente parte deste passado em que tivemos o enorme privilégio de conhecer a jovem CRISTINA 😀