Já me passou algumas vezes pela cabeça o que aconteceria à Amélia, ao Chiquinho, ao Jeremias e à Matilde se a minha casa fosse assaltada. A Amélinha e o Chiquinho ir-se-iam esconder entre as mantas da cama e debaixo da areia das suas casas de banho. A Matilde entraria em estado catatónico.
O Jeremias iria gentil e educadamente mostrar a casa aos ladrões, guiá-los às diferentes divisões e indicar-lhes o que poderiam levar: “Amigos! Visitas! Espectacular! Isto aqui é sempre tudo tão calmo!”. Mas se, em vez de um assalto, fosse um incêndio?
Este ano tivemos mais um Verão de terror para todo o país, com o fogo a atingir florestas e zonas habitadas, na Madeira e em Monchique, entre muitas outras zonas do território. Mas em Monchique tudo mudou.
Se, para algumas pessoas, existe a ideia de que soltar os animais pode ser suficiente para que eles escapem às chamas, nem sempre isso é verdade.
Só que, naquela bela e preciosa serra, há agora um plano, que já funcionou este ano, na última “época de incêndios”… E resultou, segundo o jornal Público: foi possível salvar todos os animais das zonas afectadas.
O Programa Animal Seguro fez com que não se repetisse o que aconteceu em 2004, quando centenas de animais morreram. O P.A.S passou por sessões de esclarecimento públicas, primeiro com os numerosos estrangeiros ali residentes, e muito amigos dos animais, e depois com a população em geral.
Os habitantes foram formados e preparados para prevenir incêndios e reagir a uma situação de emergência, salvando-se a si e aos animais. E os próprios bombeiros locais já estão preparados para prestar os cuidados de Suporte de Vida Básico aos animais, e não apenas às pessoas. Existem em Monchique, por exemplo, máscaras de oxigénio para socorrer animais nestas situações, e vão ser compradas mais.
Se calhar, se quiser evitar transtornos e perigos para a Amélinha, o Chiquinho, o Jeremias e a Matilde, tenho que ir viver para Monchique!