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Tenho cinco telefones

Há pouco mais de meia década, a minha então namorada tinha um i-phone. Sempre critiquei o excesso de tecnologia na sociedade e nunca resisti a um bom dispositivo tecnológico. Nas viagens passava o tempo a brincar com o dela.

Lia o Facebook página a página como um livro. Ninguém fazia isso. Mais tarde sugeriu-me que um i-phone 3gs por 50 euros era uma boa compra. Era. Segui o conselho. Durou quase seis anos, e, nos primeiros, contribuiu para a minha felicidade.

Este ano deixou de fazer tudo, incluindo enviar mensagens, e permiti que se libertasse desta breve passagem que a existência é.

Exalou o último suspiro, a luz que iluminara o livro da sua vida brilhou ainda por alguns instantes e depois extinguiu-se para sempre. Entregou a alma ao criador.

Comprei um smart-phone por cento e tal euros. Como smartphone é razoável. Como telefone, é uma contrariedade. A seguir a ser comprado foi três vezes para a assistência, mas as pessoas a quem ligo continuam a não me ouvir.

Depois, a Animalife ofereceu-me um pequeno smartphone, prático, estreito e maneirinho, para que colabore mais facilmente com o seu departamento de comunicação. Faz sentido.

Como telefone até funciona bem, quando, ao fim de cinco minutos, o processo de se ligar termina, e, depois de mais dez, deixa aceder ao teclado virtual. Como smartphone é muito, muito, muito, muito lento.

Também “herdei” um velho Nokia, cuja bateria dura um dia, mas que funciona espectacularmente como despertador. E tenho, ainda, o telefone fixo. Que não uso.

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