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Os meus primos filipinos

O meu tio decidiu publicar umas imagens da sua casa, para que toda a gente pudesse apreciar a qualidade dos aposentos. Como tenho a mania de me meter em tudo, fui colocar lá uns comentários, como “Mona Lisa a beber um copo no bar”, ou “tudo muito bonito, excepto o Presidente”.

Fui prontamente cilindrado e muito activamente posto na ordem pela generalidade dos seus amigos facebookianos. O meu tio vive nas Filipinas, tal como todos os elementos da sua nova família.

Perante os primeiros comentários de tristeza e frustração, perguntei: “Então, o Presidente das Filipinas não é Rodrigo Duterte, acusado de mandar matar inúmeras pessoas quando era autarca, e que se prevê que faça o mesmo na presidência do país”?

Os meus “primos” indirectos naquela nação asiática disseram-me que amam absolutamente Duterte. Que este Rodrigo com falta de bom humor tornou o país seguro. Que eu serei muito bem-vindo naquele território e até posso usar o aeroporto, agora que ele já é tranquilo e não há esquemas criminosos.

O meu tio confirmou-me que todos estes familiares são apoiantes extremamente fervorosos do homem que está agora aos comandos do território. Que todos fizeram campanha por ele.

Aqui, fala-se bastante do facto de, enquanto Presidente da Câmara de Davao, ter promovido e defendido o extermínio de traficantes de droga e toxicodependentes.

O meu tio disse-me que a visão dos órgãos de comunicação ocidentais não é totalmente exacta. Que a grande maioria das mortes resultou de lutas internas no mundo do crime. Que os filipinos tinham um problema de segurança muito grande, e, com este presidente, deixaram de o ter.

Acrescentou que este mandato presidencial está a ser muito polémico, e muitos gostariam de derrubar o Chefe de Estado. E relacionou isso com o facto de muita gente poderosa da economia e da política ter beneficiado largamente, durante anos, do tráfico de droga, dos raptos e outros crimes relacionados com as substâncias ilegais, até Duterte chegar ao poder em Davao, e depois em todo o país, e acabar com isso.

Sublinhou que os toxicodependentes e traficantes que têm estado a ser mortos “eram criminosos”, e, por isso, a maioria dos filipinos está feliz com este dirigente político, que estaria a arriscar a vida enfrentando os senhores da droga e do crime.

A nossa conversa decorreu algumas semanas antes de uma das últimas declarações de Duterte que foram reproduzidas pelos órgãos de comunicação ocidentais: Teria falado em três milhões de judeus mortos pelo regime nazi na Segunda Guerra Mundial (na verdade, foram seis milhões), afirmando que ele próprio também gostaria de pôr fim à vida de três milhões de toxicodependentes nas Filipinas.

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