“É como uma filha. Passeio-a todos os dias, mas não vai solta. No outro dia, em Campolide, apanhei um susto dos Diabos, quando me fugiu para a estrada. Dão-lhe estes ‘vaipes’ de repente, por isso agora vai sempre com trela”. A Pituxa tem pouco mais de dois anos, é uma mistura de podengo com outra raça e é a companhia de Carlos Alves, que tem problemas na coluna e dificuldades económicas, recorrendo à ajuda de instituições.
É uma das pessoas apoiadas pela associação Animalife, que lhe fornece ração para a sua melhor amiga. Quando soube que ia ser operado, “disse ao Dr. Jorge Silva, da Câmara de Lisboa, num jantar da Comunidade Vida e Paz, que não a deixava para ser internado”. Pediu-lhe que encontrasse um sítio onde pudesse fazer a sua recuperação, mas acompanhado da Pituxa.
O resultado foi ter descoberto a Associação de Assistência de São Paulo (AASP), na Avenida Marechal Francisco Costa Gomes, em Lisboa. Uma Instituição Particular de Solidariedade que apoia pessoas sem abrigo e populações em risco de exclusão, promovendo a sua reintegração.
Esta possibilidade inovadora, de acolher pessoas a recuperar, por exemplo, de problemas de saúde, mas acompanhadas dos seus animais de estimação, é um trabalho para o qual a associação está preparada, dispondo de canil e gatil. Essa é considerada pela instituição uma situação normal – embora seja caso quase único em Portugal.
A ajuda a pessoas carenciadas e pessoas sem abrigo que tenham animais de estimação é uma questão que as instituições de solidariedade não têm conseguido resolver. O que leva a muitas situações de impasse.
Há pessoas que querem sair da rua, iniciar um processo de tratamento, desintoxicação, reinserção… Mas as instituições que estão preparadas para os acolher não aceitam animais, e, por isso, elas não saem da rua, ou não iniciam o processo de reintegração. Esta associação pode vir a ter um papel muito importante na ajuda a estas pessoas. A sua mera existência é uma excelente notícia!