Recebeu a minha mensagem e está à porta, a minha Doutora preferida, que poderá ser mais velha do que eu mas quase parece uma rapariga acabada de sair da faculdade. Entramos rapidamente.
Depois de uma espera normal, chegam as primeiras informações. A insuficiência renal da minha pequenota, a esguia pantera negra que gosta de adormecer nos meus braços, acordar nas minhas pernas e passear nos meus ombros, inclui uma fibrose nos rins. Os nefrócitos renais tornam-se fibrócitos, e por isso não conseguem efectuar adequadamente o seu trabalho de células filtradoras das impurezas do organismo felino.
A Amélia, aliás, a “Gáta!”, só tem quatro anos. É a terceira felina a apresentar esta doença na minha casa actual. Isolando factores, concluimos que a culpa é da água cá do sítio.
As 24 horas seguintes são passadas à procura de água de Monchique, a melhor, a mais alcalina, a que tem o PH mais puro e perfeito. Encontro os venerados garrafões à quinta tentativa. A partir de agora, os felinos cá de casa apenas se hidratam com este precioso líquido da bela e inspiradora serra algarvia.
Quando os recipientes aquíferos já estão quase a caminho de casa, e após uma ou outra multa de trânsito, chega uma notícia, a partir do laboratório de análises utilizado pela clínica. A insuficiência renal da “Gáta” não lhe distorceu ou lesionou os rins, não comprometeu a sua capacidade de funcionamento, é controlável e medicável. Não lhe afectará, afirma do outro lado da linha a voz sábia e reconfortante da Doutora, a esperança de vida.
A minha “Gáta” está em condições de cumprir o meu objectivo, tornar-se, daqui a umas décadas, a mais velha do Mundo, destronando quem detinha esse título anteriormente, a doce e ronronante Poppy, que descansa em paz e felicidade no céu dos gatos. Esta britânica meiga e linda, de cor bege e ar gentil, deixou os seus humanos para sempre a 6 de Junho de 2014, após 24 anos de uma existência longa e cheia de amor e carinho. Amor e carinho, duas coisas que ela e a “Gáta” têm em comum!