O relógio marca as seis da manhã. Está mais que na hora, pouco interessa se estou com trabalho ou desempregado, se há uma reunião ou entrevista marcada, ou nada. É tempo. Fora da cama. Acordar, higiene matinal, pequeno almoço, tratamentos felinos e respectivos mimos… E já são oito. Sapatilhas a cruzar a estrada, canelas rua acima, uma subida a pique, dez minutos.
Por esta altura, ou já se acordou ou já se acordou. E deu tempo para perceber se estou cansado, enérgico, ensonado ou a rebentar de espertina. Sapadores, Largo da Graça, em frente, até ao fundo. Virar à direita, a primeira descida, tão íngreme como a subida anterior, e Lisboa, o Castelo, o Tejo, a Margem Sul. O Mundo, que desperta…
Deslizar calçada abaixo, passar pela garagem de tuk-tuks, outra vez ao nível do rio, subir de novo, rumo à Costa do Castelo. Percorrê-la, descer, subir, ficar à porta do Castelo de São Jorge, descer, descer, descer, até à Baixa. Subir, subir, até perto do Chiado.
Os pés calcam o pó, as pernas puxam o corpo, a mente divaga, o cérebro vai planeando, viajando, escrevendo – seja lá o que for. No final, repetir tudo, ao contrário. Uma horita, ao início da manhã, diariamente. Faça chuva, faça Sol. Haja trabalho, ou desemprego. Aconteça alegria, ou tristeza. Todos os dias.
Pronto para começar o dia, enfentar o que haja para viver. Com humor, tranquildade, optimismo. E muita, muita energia. Assim se prepararam quatro maratonas e outras lutas, muito mais difíceis. É este o segredo do cronista…