A campainha toca suavemente, só uma vez. Não olho com muita atenção e abro.
É um casal. Um homem de meia idade, mulato, óculos, caracóis grisalhos, vestido com ligeira formalidade. Uma rapariga mais nova, ar pós-universitário, saia e camisa, óculos, cabelo comprido e escuro, rabo de cavalo.
Antes de começarem a falar, aparece o Jeremias. O meu pequeno lince, o meu gato-cão, quer meter-se imediatamente com as visitas. Deseja festinhas, atenção, rebola-se em cima do tapete, à frente da rapariga, dá-lhe a barriga em busca de mimo.
O homem alto e simpático não sabia que os gatos eram assim. Achava-os, “normalmente, furtivos”. A rapariga esclarece que a dela só tem estes comportamentos com os donos.
A resposta às perguntas
Enquanto surge a Matilde, que explico também ser sociável mas menos descarada, e a Amélinha (aliás, a “Gáta!”), surpreendentemente, permanece sentada lá ao fundo, sem se esconder em cima do armário da cozinha, o casal gentil e bem disposto explica o propósito da sua visita.
Vêm convidar-me para um evento. Trata-se de um acontecimento especial, de entrada livre.
Constato que ao orar, David, rei de Israel, disse a Deus: “Com alguém leal agirás com lealdade”. Percebo que esse facto religioso suscita várias perguntas: “Porque é que Deus espera que sejamos leais?; Como é que sermos leais melhora a nossa vida?; Como é que Deus agirá lealmente connosco?”.
Fico a saber que um evento público, de acesso gratuito, vai responder a estas perguntas. E que eu estou convidado.
A abordagem evangelizadora dos homens e mulheres que propagam a fé das Testemunhas de Jeová parece-me mais eficaz e tranquila do que na minha juventude.
As pessoas são pessoas, seja qual for a sua crença. Quando mostram simpatia pelos animais, ou as crianças, ou os idosos, ou os desfavorecidos, sobem logo dez pontos na consideração… E, finalmente, o almoço está pronto!