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A amiga secreta do Jeremias e da Amélinha

O meu ronronante tigrinho Jeremias andava com um apetite voraz.

Devo ter exagerado um pouco na quantidade de ração.

O pedaço que sobrou era visível, não seria coisa que se deitasse fora, mas também não ia ficar no prato até de manhã, já que perderia o interesse para ele.

Eram duas da manhã, fim de turno.

O destino era óbvio.

Ao descer as escadas, o silêncio era total.

À porta do prédio, a princesinha, gatinha já familiar e amiga há um ano e meio.

Se lhe ia pôr a comida no abrigo, os amiguitos, muitos mais afoitos e expeditos, passar-lhe-iam à frente.

Sossego, ninguém à volta.

Rasgo e abro o envelope de papel com a ração, coloco no chão como uma pequena folha aberta.

Mesmo a um metro de mim, atira-se à pequena refeição.

O vento revira a folha, recua, assusta-se, endireito o papel. Duas ou três vezes.

Perco a paciência, ponho as chaves de casa em cima do envelope, recuo dois passos.

A fofinha come tudo rapidamente, apanha todos os grãos à frente, atrás, por cima, por baixo, dos lados.

Aguardo um bocadinho.

Apanho as chaves, recolho a folha, deito no lixo.

Esta noite a minha amiga teve menos fome.

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