Voltei de férias… Foram seis dias úteis que deram origem a… 11 dias sem bulir! Tal não acontecia havia 11 meses.
Cortei o cabelo. Comprei aquela peça de roupa de que precisava havia imenso tempo. Adquiri sacos para o meu aspirador, que estava mesmo, mesmo a rebentar.
Fui trocar os vales de aniversário que recebi em Maio por quatro livros de Dostoievsky. Fui ao cinema.
Descobri dois novos restaurantes vegan.
Da rua para o conforto, finalmente
Fui visitar o meu amigo de 86 anos que saiu da rua no Verão, depois de anos a dormir debaixo das estrelas, no frio da calçada, cego, octogenário e com uma colecção de doenças que deitariam por terra qualquer um.
Ficou feliz por me receber. Conversámos durante uma tarde inteira. Há mais de meio ano que está aos cuidados de uma instituição e de uma organização, ambas dirigidas pelo mesmo homem, que se encarregou pessoalmente da sua saúde e do seu bem estar espiritual.
Os seus problemas físicos e imateriais estão a ser cuidadosamente tratados, para que os seus dias sejam mais leves e agradáveis daqui por diante.
Pomos em dia as novidades dos últimos meses. Dá-me conselhos sábios e inteligentes, faz-me perguntas, a sua curiosidade está em forma.
Quando o deixo e fecho a porta da instituição, na rua, umas cabritas passam por mim, acompanhadas pelo seu guardião humano.
Os simpáticos animais hesitam quando vêem o portão semi-aberto. Eu e o pastor brincamos: “Estão a ficar velhinhas, querem ir para o Lar!“.
A caminho do carro, com o Sol a cair no horizonte, a paz do lugar é irresistível. 2019, anda daí!