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“Agora a minha droga é outra”

Quase a correr, ar jovial e sorridente, não se percebe muito bem o que este homem de trinta e poucos anos pretende. Aproxima-se, olhos brilhantes, dentes brancos à mostra.

Comunidade Vida e Paz, Comunidade Vida e Paz! Muito bem! Estive numa das vossas quintas. Há 15 anos tiraram-me da rua e do vício, e agora acabei de ser pai. A minha nova droga está aqui ao lado na maternidade, é a minha filha!”.

Apanhada de surpresa por esta abordagem rápida e eufórica, a equipa demora alguns segundos a perceber, e dá repetidamente os parabéns ao novo pai.

Se algum voluntário estivesse à espera de qualquer compensação, certamente seria esta.

A de saber que, graças à Comunidade Vida e Paz, há pessoas que saem de debaixo das estrelas e das condições difíceis em que vivem, reocupam o centro da sociedade e podem concretizar o sonho de construir uma família.

Voltamos à conversa com A, que deixou a rua, regressou para lá e depois voltou a conseguir viver num quartinho, graças aos seus esforços infindáveis e à ajuda de algumas instituições que o apoiaram.

Por acaso não conseguem arranjar-me um aspirador velho e uma televisão usada? É que limpar com um aspirador é completamente diferente de lavar e varrer: Com a vassoura a sujidade fica lá na mesma. Não tem nada a ver. Se por acaso encontrarem uma dessas coisas algures pelo caminho, não se esqueçam de mim”.

A poucas centenas de metros, o dono de uma tatuagem que lembra um arame farpado fala-nos de como era a vida na prisão por onde passou. “Havia televisão a cores, filmes pornográficos, playstation. Uma maravilha.”.

Bem, isso é melhor do que em casa de muita gente!”.

70 refeições, 15 conversas, braços abertos para oferecer os apoios que sejam pedidos e que possam ser dados. Para que mais gente possa sair daqui e conhecer o bem estar que vive agora o primeiro homem que encontrámos esta noite.

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