Uma sezão é um acesso de febre, intermitente ou periódico, precedido de frio e calafrios.
Uma sazão, do latim statio, é uma estação do ano, tempo propício para alguma coisa, quadra favorável ou conjuntura.
As duas estão intimamente interligadas, digam o que disserem.
O Verão estará brevemente morto e enterrado, quer queiramos quer não. A Amélinha, a “Gááta!!”, o Chiquinho, o Jeremias e a Matilde já perceberam isso há uma porção de dias.
Estão mais amiguinhos. Passam boa parte do tempo enrolados e agarrados uns aos outros. Concentram-se os quatro, ou três, ou no mínimo dois, em espaços de dez ou 15 centímetros.
E passam a noite em cima de mim, encostados a mim, por baixo de mim, ao meu lado.
Esta semana, a “Gááta!!” saltou para as minhas pernas comigo sentado à frente do computador e aqui ficou, horas, a ronronar. “Rrrrrrrrr, rrrrrr, rrrrrrr, rrrrrr”.
Procuram qualquer raio de Sol, buscam cada janela, demandam fontes de calor, naturais ou artificiais, veneram todas as esperanças de luz e aquecimento.
Comigo é ao contrário. Continuo a andar descalço o dia todo, mas já não é a mesma coisa. De dia, na rua, passeio de T-shirt, mas à noite já não dá.
Ao longo do ano, estarei sempre duas ou três peças de roupa abaixo da Humanidade, como fazem os camones aqui. Mas como não sou camone, vêm então, a partir desta sazão, as sezões.
Tosses. Nariz a fungar. Dores na garganta. Febre. Constipações. Gripes, parece-me, não sei o que são, felizmente.
Ao Chiquinho sucede o mesmo. A sua asma manifesta-se com as mudanças de temperatura. Com as alterações sazonais, lá começa a tossir.
Tem que ir à sua médica, que o põe a respirar alguns medicamentos preventivos, usando para isso uma máscara de bebé, onde enfiamos a sua cabecinha pequena e linda, forçando-o a aspirar tal profilaxia.
Às vezes não é suficiente, e lá tem que levar uma injecção.
O que as sazões e as sezões nos dizem, na verdade, é que já passou mais um ano e ainda cá estamos.