Uma Substância Antiga

Era um frasco de vidro totalmente branco, com letras azuis e vermelhas, com uma espécie de rolha de plástico, pequena e comprida.

Do seu interior desprendia-se um odor maravilhosos.

Nessa garrafa linda e elegante estava desenhada, em azul, uma magnífica caravela.

Chamava-se Água de Colónia Old Spice.

Em tradução livre, Antiga Especiaria…

É mesmo esse o estatuto que atribuo ao Old Spice.

35 anos depois, o grafismo da marca foi actualizado, as cores substituídas (ficou muito menos bonito) e o Old Spice dividiu-se em Água de Colónia, After Shave, desodorizante e mais alguns produtos de higiene. Todos óptimos, todos com um toque doce e delicioso da “Velha Especiaria”.

Parece-me que o frasquinho (de vários tamanhos) continua a existir com a mesma forma e nesse tal vidro totalmente branco, ainda que o desenho nele impresso já quase não tenha a ver com o original. Encarnado em vez de azul, e a linda caravela mal se vê.

Se essa pequena garrafa existe à venda (ainda que em packs com outros produtos da marca), e com o mesmo conteúdo, já não é mau.

Naquela época, a meio dos anos 1980, era tudo maravilhoso. O aroma. A embalagem. O anúncio televisivo, ao som de uma música clássica imortal, Carmina Burana, e com a caravela a enfrentar mares tempestuosos.

Uma das melhores campanhas de que me lembro.

Um cheiro que nunca vou esquecer.

O irresistível desodorizante sólido Old Spice WhiteWater, oferecido pela minha mãe este mês, está ali, guardado carinhosamente, ministrado parcimoniosa e religiosamente todos os dias.

A Antiga Especiaria!

A Maratona

Não era a primeira. A maratona inaugural tinha acontecido meses antes, e foi nela que quebrámos as barreiras, incluindo o conhecido muro metafórico dos 30 quilómetros: Onde se percebe se vamos chegar ao fim ou não.

Mas era a primeira Maratona de Montanha. A Montanha era a Serra de Monsanto, que é mais que suficiente para testar os músculos, os tendões, e, claro, a força de vontade.

A pandilha dos maratoneiros, eu, o Pedro (o guru) e o João (o motivador), além de já ter uma recente prova de 42 quilómetros em estrada no currículo, tinha andado a preparar-se.

Faziam-se ensaios em Serra, nas várias zonas deste tipo na Grande Lisboa. E também algumas corridas ao fim do dia, hora da prova de Monsanto.

O Pedro preparava o programa de treinos, dava conselhos sobre a alimentação, o João dizia que conseguíamos.

Naquele dia de Verão estava muito calor, tanto que o evento foi passado para dali a a umas horas.

Ainda que tivesse feito preparação nocturna, o organismo estava habituado a viver e treinar de manhã, desde sempre.

Nessa época, vergonhosamente, ainda comia alimentos de origem animal. E o almoço fora um prato com carne e grão.

O efeito do calor, da noite, da inclinação do terreno, do cansaço e da refeição mal digerida foi atómico.

Aos 10 quilómetros já me arrastava. Aos 15 mal corria. A partir daí até aos 42 foi mais tempo a andar que a correr.

Cheguei ao fim, feito em pedaços.

Aprendi a lição. Para a prova de montanha do ano seguinte fiz muitos treinos, corri mais à noite e tive todo o cuidado com a alimentação no dia da corrida.

Na segunda maratona de montanha, houve pouco mais de dez quilómetros em que andasse em vez de correr. Ainda me perdi e fiz uns a mais. Cheguei ao fim cheio de energia, a correr no que me parecia alta velocidade.

Já fiz quatro maratonas. Duas de estrada, duas de montanha. Corro uma hora todos os dias. O mais difícil é começar.

Odeio a Noite

Odeio profundamente a noite.

Não é por achar que de repente aparecerá do ar uma vampira arrepiante e irresistível, que vai sugar o meu sangue, engolir os meus ossos, triturar e cuspir sem contemplações a minha carne.

De modo algum acredito que chegue para aí um lobisomem pronto a mastigar os meus braços e despedaçar o meu crânio.

Não me parece que desçam cá os extraterrestres, entrem dentro dos meus olhos, possuam o meu espírito e me transformem num assassino em série.

Nem mesmo estou a ver que o meu velho Clio a gasóleo ganhe de súbito vida própria, decidindo comprimir debaixo das suas rodas todos os habitantes do prédio, do bairro e da cidade, antes de se dedicar a mim.

De forma nenhuma considero credível que renasçam das paredes seres ancestrais há séculos ofendidos e enganados pelos meus antepassados, para se entregarem, de espada e clava em punho, a exigir satisfações.

Não, não. Antes fossem esses os meus problemas.

É por outros motivos que abomino a hora das estrelas.

E são os mais prosaicos: A escuridão é para dormir, o dia é para viver.

Por essa razão detesto estar das cinco da tarde às duas da manhã, e não num período mais diurno, a escutar as queixas, os dilemas e as reclamações dos clientes da empresa.

Levanto-me ferido e estropiado, tal como se uma horda de mortos-vivos tivesse feito durante horas sapateado sobre a minha cara.

Só estou verdadeiramente no Mundo depois do quinto café.

Não sou uma criatura das trevas. Sou um ser da Luz.

Stephen King e uma Gáta!

É uma intelectual. Sempre gostou de notícias, jornais, suplementos culturais e clássicos russos, especialmente quando o próprio objecto físico já tem mais de 40 anos, como acontece com alguns cá em casa.

A minha pequena pantera negra também delira com as novidades que acabaram de chegar ao mercado literário. Agradam-lhe páginas com misteriosos odores antigos, ou aquelas que ainda trazem o aroma da tinta fresca.

O que é estranho é que esta edição do livro de Stephen King “O Turno da noite” tem uns dez anos. Não é nem antiga nem extremamente recente. Não cabe nas duas categorias que mais motivam a felina erudita.

Há, porém, qualquer coisa de inquietante nesta obra d’O Mestre que dá a volta à cabeça da minha pequena sombra de olhos brilhantes e pêlo cor de azeviche.

A Amélinha estava outra vez a dedicar-se ao volume, que se encontrava em cima da mesa. Afastei o objecto de culto para o lado e não liguei muito.

Só horas mais tarde percebi. A Gáta tinha feito quatro buracos na capa. Está tão viciada nas histórias insólitas de King como eu. Consertei o estrago com fita-cola.

Agora é que nunca mais posso deixar Stephen ao lado de Amélinha. É que se ela vibra com livros, há uma coisa que a deixa irremediavelmente com os pêlos e as unhas em pé. Fita-cola.

Frigorífico Fatal

Jebediah Ebenezer Ferreira colocou as últimas quatro doses de sopa de feijão no congelador e foi trabalhar.

Era assim todos os dias e corria sempre bem. Quando aquecia e engolia o alimento, vivia momentos de gloriosa felicidade.

O problema foi quando o congelador começou a não fechar. Jebediah bem tentou atá-lo, empurrá-lo, escorá-lo, entalá-lo.

Voltava sempre a abrir-se.

Ficava eternamente uma pequenina fresta da porta à espreita, embora a manietasse diariamente com uma corda.

Por dentro começaram a crescer, progressivamente, massas de gelo que Ebenezer desfazia todos os dias, pacientemente, com um pequenino escopro e uma pedra da rua.

Ao fim de muitos meses já só funcionavam dois terços do congelador, mas para ele era mais do que suficiente.

Isso não foi, de todo, o mais grave.

Enquanto isto acontecia, também dentro da área de conservação normal do frigorífico uma placa branca e gelada ia crescendo, crescendo.

Pouco tempo depois, já ocupava 40 por cento do frigorífico.

Jebediah Ebenezer ignorou as vontades do electrodoméstico caprichoso e continuou a fazer a sua vida normal.

Estava mais que visto que alguma coisa levava aquele armário de refrigeração a ter as suas próprias ideias e impulsos.

Ele fazia-lhe orelhas moucas. Era um combate de personalidades.

Até que o aparelho tomou medidas drásticas para conquistar a atenção de que se julgava merecedor.

Em poucas horas, decidiu derreter todas as placas que tinha parido dentro de si.

Jeb passou uma noite inteira às voltas com toalhas e cobertores, para impedir uma inundação.

Mas era teimoso. Ignorou a mensagem enviada do mundo do frio.

Um dia quis entrar dentro da cozinha e não conseguiu. À sua frente tinha uma parede branca e fria que o impedia de avançar.

Viu tudo o que se encontrava dentro daquela estrutura transparente e impossível de quebrar. O próprio frigorífico. A máquina de lavar. Os armários com os pratos e os copos no interior.

Jebediah Ebenezer Ferreira respirou fundo, encheu-se de coragem, pegou no martelo pontiagudo que tinha comprado na semana anterior e avançou para dentro daquela massa de gelo infinita e implacável.

O meu AMIGO salvou a minha Gáta

Andava em pulgas havia dias.

A minha “Gatínha” só pode comer duas ou três comidas (tem problemas intestinais e renais), apenas aceita duas, uma esgotou e ela enjoou a outra.

Aquela R.C. específica não existe neste momento na marca, na clínica, nas lojas, em lado nenhum. Talvez durante meses.

O meu adorado amigo estava no hospital, um bocado atrapalhado (já saiu e está melhor), mas assim que eu disse isto ele e a namorada perguntaram logo a marca, o nome, a gramagem e todos os pormenores.

No veterinário perto deles não havia. Existia ao preço normal algures na Internet, mas o site não parecia fiável.

Encontraram noutro, credível, a preço idêntico.

Isto foi na sexta. Hoje às duas da tarde já tinha um pacote de 12 na minha sala. Dão para 24 dias.

A minha Gáta já pode comer. Eu posso respirar. E ainda tive a chiqueza de ser por momentos cliente da Amazon.

Tenho o caixote de papelão deles do lado de fora da porta, para não ser, também ele, devorado pela Panterinha. Já foi inspeccionado com rigor pela Bundy, a cadelinha dos meus vizinhos do lado.

Há muitas e muitas Luas que sei que o meu Amigo é maravilhoso. Hoje, ele e a namorada salvaram a minha Amélinha <3

Depois do Fim

Carta do Futuro, a um amigo ausente em parte incerta

Caro Judson Eliaddi, Jed, um bom dia para ti e espero que te encontres bem.

J., aqui no nosso canto, um dos últimos redutos da Civilização, tudo corre como pode.

As chuvas têm alagado parte das culturas que se encontravam de pé.

Depois do Regresso da Grande Peste, a Humanidade passou de oito mil milhões para apenas dois mil milhões.

Quase tudo o que restava da organização económica planetária caiu por terra.

Ficaram apenas alguns minúsculos estados localizados, onde ainda é possível produzir o suficiente para manter as reduzidas populações que aí subsistem.

Não sei se vais chegar a ler estas palavras.

Nem sei se estás vivo.

Os sistemas de transmissão de informação que tinhamos até 2050 desapareceram quase todos.

Temos as comunicações via rádio e as cartas, como esta. Raramente sabemos se chegam ao destino, ou quando.

A maior parte dos humanos que restaram tornaram-se vegetarianos. As comunidades cultivam o que podem, retiram o sal da água dos oceanos e vivem com a alimentação racionada.

Os chefes locais são escolhidos pela força ou pelo mérito em defender e organizar a sua tribo.

Aqui em Almsningel temos a sorte de ter um líder que não trata mal a população.

Tenta que toda a gente tenha mais de uma refeição por dia, que as crianças sejam assistidas pelos médicos-curandeiros e que não haja muitos conflitos com as cidades próximas.

Devo dizer-te, que, daqui dos meus 35 anos tão saudáveis quanto é possível neste mundo, tenho o projecto de constituir família, deixar a minha marca impressa no curso das coisas.

Não é fácil, já que as mulheres interessantes são comprometidas, e ir para outros sítios começar nova vida, a pé por centenas de quilómetros, não tem qualquer viabilidade.

Ficará talvez apenas como um sonho.

Por enquanto vou-me dedicando aos meus esforços como agricultor, aquela que é a actividade de quase todos nós agora.

Entre as favas, os feijões, as batatas, os tomates, as laranjas, as maçãs e a tentativa de manter tudo isto regado e a salvo das intempéries, vou fazendo a minha vida.

Se alguma vez esta carta chegar a ti, caro Jed, espero que te encontres bem. Tanto como eu, e, se possível, melhor.

Abraços ternos,

A próxima história

No caso de ainda estar vivo, o escritor estaria a desenhar algum cenário fantasioso, realista, excitante e surpreendente acerca de qualquer coisa que tivesse a ver com o mais íntimo da natureza humana: Teríamos um novo livro de Saramago.

Que teria, ao mesmo tempo, a ver com a forma como estamos organizados socialmente e economicamente.

Como pessoa, o Nobel teve defensores e inimigos.

Politicamente, era um admirador do comunismo.

O autor foi uma das muitas embirrações vascais de juventude.

Também o foram os musicais em cinema ou teatro, e da mesma maneira as películas de Woody Allen.

Todas essas manias, fruto da ignorância, desapareceram com o tempo.

Também foi assim em relação a ele.

Uma interpretação que ouvi para a forma como escrevia é a de que, em vez da pontuação e ritmo tradicionais, impostos por qualquer escritor normal, o inventor do Memorial do Convento deixa a divisão das ideias e o encadeamento das partes das frases ao próprio leitor.

Visão interessante, diferente da minha.

Acredito que aquelas frases onde escasseiam os pontos finais têm uma organização própria.

Quando entramos nesse esquema e na cabeça do escritor, aceitamos e percebemos aquele sistema de organização em que as ideias estão divididas de uma forma diferente, e as vírgulas e as maiúsculas são importantes. Passamos por cima desse obstáculo e entregamo-nos às irresistíveis personagens e às histórias inquietantes.

Ensaio sobre a Cegueira, Evangelho segundo Jesus Cristo, O Homem duplicado, As Pequenas memórias, O Ano da morte de Ricardo Reis. Os meus olhos e a minha cabeça ainda só vão no início da sua bibliografia, mas ainda tenho por aí mais um ou outro volume, e vou continuar.

É curioso. Adoro a imaginação de Saramago, as coisas que ele nos diz sobre o Homem e o Mundo nas suas obras. Adoro lê-lo.

Os seus livros são intensos, profundos, de enorme densidade. Tem que se estar disposto a desfrutar deles.

Nos últimos anos perdi ainda mais um preconceito. Releio alguns volumes dos autores preferidos, antes de os oferecer a Pessoas Sem Abrigo.

Os de José, não volto a lê-los, por serem uma massa literária tão sólida e consistente. Como uma feijoada deliciosa e cheia de leguminosas extremamente proteicas. Ou uma mousse de chocolate preto, extremamente espessa e doce. O estômago, ou o cérebro, só conseguem absorver uma vez.

Assim, passo logo para a história seguinte dele, sem repetições.

O Medo

As folhas das árvores rumorejam ao sabor da brisa.

O uivo do vento vai crescendo devagarinho, até parecer um animal desconhecido e acossado.

Grossas gotas caem sobre as janelas e as vidraças abanam.

O céu do crepúsculo cobre-se de nuvens negras que anunciam a chegada apressada da noite.

Na casa antiga, as vigas de madeira emitem estalidos, gemendo como que providas de vida própria.

No interior das paredes velhas e decadentes, ouvem-se ruídos bizarros que recordam tempos perdidos.

O ar torna-se pesado e abafado, a tempestade fustiga o telhado sem clemência.

Trovões tenebrosos parecem prontos a despedaçar portas e tectos sem piedade.

O brilho da última candeia morre nos confins da noite.

Fossemos personagens desesperadas de uma história proibida e aterradora, então o que aconteceria?

Poderia saltar para fora de um quadro a óleo de moldura dourada a figura de um autoritário juiz, que tivesse ficado na História porque todos os seus réus acabaram na forca.

Viria na nossa direcção, os olhos injectados de sangue, a corda enrolada à volta do pulso.

Um desvairado patriarca ancestral que se tivesse entregue ao culto de Satã poderia fazer de nós as suas próximas vítimas.

Ratazanas sobrenaturais do tamanho de cães, cegas e sem as patas da frente, reunidas aos milhares, viriam de pronto saciar a sua sede na nossa carne.

Tudo isso poderia, muito naturalmente, suceder. Se esta fosse uma tresloucada e arrepiante história do outro mundo.

Mas não! Felizmente, não se trata de nada disso.

Vive-se apenas a Realidade Real, uma jornada cinzenta e chuvosa de Outono, nos subúrbios obscuros da capital.

É só mais uma etapa, horas de escuridão iguais a tantas outras.

Portanto, está tudo bem…

Algumas Fontes usadas livremente neste artigo:
"Contos de Terror e Arrepios", Bram Stoker; "O Turno da Noite", Stephen King

Emigrantes, como o meu pai

Foram para a Alemanha numa idade em que, nos dias de hoje, ainda estariam a estudar.

Foi o que fizeram os meus pais e o irmão da minha mãe, entre o fim da década de 1960 e o início da de 1970.

As três irmãs da minha mãe, por sua vez, saíram para França.

Tal como já tinham feito antes os tios do meu pai.

Deram um novo fôlego à sua existência, à dos futuros filhos e netos.

Afastaram-se da apagada e vil tristeza que se vivia no nosso país.

Trabalharam árdua e incansavelmente, dia e noite.

Equilibraram as contas, e, nalguns casos, até ficaram com uma situação relativamente confortável.

Muitos já cá não estão, mas falei com todas estas pessoas inúmeras vezes ao longo dos anos.

Nas centenas de conversas que tivemos, todos recordavam com satisfação e alguma saudade o tempo passado nessas nações mais prósperas.

Não me lembro de nenhum deles se queixar da forma como foi tratado.

Dou um salto de cinquenta anos e penso nos homens e mulheres que andam todos os dias por Lisboa, pela Margem Sul e por todos os cantos de Portugal. Chineses, paquistaneses, indianos, nepaleses, bengális (habitantes do Bangladesh), sírios e muitos outros.

Os nossos fugiam da pobreza, da miséria, da claustrofobia. Estes viram costas à desgraça, à fome ou à guerra.

Os meus familiares atarefavam-se de sol a sol, os imigrantes actuais vêm trabalhar com a mesma intensidade.

Os portugueses deixavam tudo para trás, para darem a volta à vida e poderem depois sustentar a família.

Que diferença há? Nenhuma.

Estes visitantes vêm, normalmente, abraçar as profissões menos qualificadas, que os nacionais recusam. Chegam com o objectivo de sobreviver, melhorar a existência.

Como os meus pais, os meus tios e as minhas tias.

São nossos irmãos.

Tal como os meus familiares me contam que foram bem acolhidos (e por uma questão de mera Humanidade), estas pessoas devem ser recebidas da melhor forma possível.

Esta gente igual a mim e a todos nós merece um trabalho, um lar, comida na mesa, cama, vida decente. Tanto como eu. Tanto como qualquer um.