by

Os nepaleses ensinaram-me a apoiar Portugal

— Então, amigos, torcem por quem?
(Diálogo em inglês do princípio ao fim, no restaurante nepalês mais adorado de Almada)
— Oh, Portugal, Portugal, Portugal!

No dia em que perdemos com a Coreia, os empregados, gerentes e clientes do venerado Base Camp, onde se come optimamente quase de graça e se é tratado como um sultão do Qatar, deram-me umas aulas sobre como apoiar a Selecção das Quinas.

Aquele grupo de gentil e amável malta asiática estava a fazer claque pela equipa de Ronaldo e Ramos com muito, muito mais febre e fervor do que eu alguma vez conseguiria.

Ainda tinha coisas para fazer nesse dia de folga, mas aquilo foi de tal ordem que seria indelicado e desleal sair a meio.

Perdemos, mas os meus amigos orientais fartaram-se de sofrer e eu fiquei a saber como se apoiam os nossos jogadores, com fúria, dedicação e carinho.

O Capitão, segundo dizem os jornais, tem tido atitudes criticáveis nas últimas semanas. Declarações fora do campo, alhadas documentadas nas quatro linhas.

O CR7 é um ser humano, com as suas qualidades e defeitos, os seus acertos e erros. Como o primeiro-ministro, o Presidente da República, o líder da Oposição ou até mesmo as nossas mães, os pais ou filhos de cada um e nós próprios.

Foi um monumento à dedicação e ao talento, o melhor jogador do Mundo, carregou a equipa aos ombros durante anos.

Agora, deixou de ser um miúdo cheio de gás e sangue na guelra, para os padrões da alta competição é já um sénior. Tem dificuldades em lidar com isso, como qualquer um.

Terá tido acções condenáveis, admite-se. Mas fazer do ódio ou amor religioso a Cristiano o Santo Gral, o Alfa e o Ómega da nossa Existência?

Isso parece ter tanto sentido como falar sobre um suposto alegado presumível vídeo íntimo de um outro jogador nacional e perder horas de emissão de telé-lixo com isso, convidando quatro Comentadores para analisar… Nada.

Write a Comment

Comment