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O Meu Rio

Cumprimento Raja, a Cadela Tatuadora (cinzenta, porte médio, a Luz dos Olhos do tatuador brasileiro e boa onda da rua do comércio e da restauração). Minutos depois, o rio do lado direito.

As pernas levam-me, sempre a olhar para ele, aos dois restaurantes que estão encravados quase no próprio curso fluvial.

Os primeiros raios da Luz do Dia reflectem-se, em tons rosados, nas construções da margem oposta.

O caminho é de ruínas, decadência, antigas fábricas, restos de armazéns, paredes dentro das quais vivem alguns ocupantes sem casa e sem recursos.

Segue-se o jardim onde toda a gente gosta de ir, com o miradouro lá em cima a contemplar-nos.

Desço, passo por mais umas velhas instalações navais/ piscatórias/ fabris que alguém ainda usa.

Chego ao grande portão da quinta, agora sempre aberto, desde o último Verão.

Terra, lama, ruínas de grandes instalações industriais de algum tipo.

Aquele que é o Paraíso à porta de casa mostra-se à minha frente.

Lá está O Meu Rio a observar-me. A minha Ponte. E a minha Estrada Velha, destruída, clandestina.

Fazer as várias e íngremes rampas que se seguem a correr, só para atletas de alta competição. Arrasto-me, fingindo que corro, avançando muito mais devagar do que se fosse a caminhar.

Subo, trepo, elevo-me e ascendo. 15 minutos depois lá está ela, a estátua do filho do Deus dos homens.

Sendo crente, essa será uma das recompensas. Para ateus e agnósticos, não é a chegada ou o monumento o prémio. É o próprio Caminho!

Meia hora depos estou em casa a começar o meu dia. A minha amiga T. diz que quando vem à beira-rio se sente sempre agradecida.

Este é O Meu Rio!

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