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“Ela expulsa-me de casa e não me dá dinheiro”

Ouve-se um ladrar barulhento e divertido. Surge repentinamente, muito feliz e sociável, N., a cadelinha doce e carinhosa de G., que vive com ela na rua, à porta de um prédio.

Os voluntários da Comunidade Vida e Paz e da associação Animalife trouxeram ração para a a pequena e perguntam de que precisam homem e companheira canina além de comida.

Tratamentos, vacinação, chip electrónico. A Animalife ajuda no que for possível e necessário.

A bolinha de pêlos afável e meiga, que se estica e esfrega como uma gatinha e não pára de nos pedir atenção e brincar connosco, só tem seis meses. Mas o seu humano diz estar consciente de que ela irá precisar de vacina, chip e esterilização.

A voluntária da Animalife esclarece que uma das marcas de ração que lhe trouxe é mesmo muito, muito boa. A outra é mais fraquinha. O melhor é misturar as duas.

O rapaz que antes não nos dava conversa, desde que descobrimos a existência da sua amiga de quatro patas, não pára de interagir connosco. E aquela bonequinha de pêlo branco e escuro também.

Numa estação de Metro ali perto descobrimos dois músicos que entoam sons melódicos… E três Pessoas Sem Abrigo que não sabíamos existirem.

Todos precisam de comida, atenção, afecto, e um deles de roupa. Ainda há umas calças e uma camisola na carrinha. O homem dos seus 30 anos aceita com agrado.

No meio disto, L., um rapaz com óptimo físico e aspecto passa e mete conversa. Não está propriamente a viver na rua, mas também não tem bem uma casa.

Um dos problemas do moço de corpo seco e cabelo rapado parece ser a namorada. L. recebe o Rendimento Social de Inserção, faz uns biscates aqui e ali e dá-lhe o dinheiro todo.

Segundo ele, a rapariga guarda tudo e não lhe dá nada para as despesas dele: Um café, uma imperial… Até o tabaco para enrolar é racionado, e ele só tem uma pequena quantidade. Ainda por cima, ela insulta-o, falta-lhe ao respeito e expulsa-o de casa frequentemente.

L., que esteve preso, explica que já não trafica droga e que tenta não beber excessivamente. Mas tem outra preocupação. Quando bebe junto da companheira, não há qualquer problema. Se o faz sozinho, o álcool transtorna-o.

É aconselhado a consultar os técnicos do Espaço Aberto ao Diálogo da Comunidade Vida e Paz, sobre as melhores formas de procurar um trabalho e uma situação mais estável, e um especialista que o ajude com as dificuldades relacionadas com o álcool. E a pensar se a sua relação com a namorada, de quem diz gostar, está a ser benéfica para ele.

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