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O que fazemos quando os extraterrestres chegarem?

O Corte Ingles é um lugar profundamente detestável, mas com boas salas de cinema, e o único com sessões que me interessavam naquele momento.

Costumam ser poucas as bilheteiras abertas, e as filas sempre demoradas. Tento escolher a mais rápida, segundo o método mais ou menos infalível do palpite. A atender, uma funcionária jovem, óculos, aparelho nos dentes, cabelo escuro e liso, solto acima do ombro, quase com ar de gaiata.

É um bilhete para O Primeiro Encontro, por favor“.

Olhe, tenho aqui uma desistência com desconto de cartão de estudante, se quiser“.

Acho difícil que a moça me tenha achado com ar de estudante, mas…

A sério? Muito obrigado!“.

Oh, não custa nada! Já está impresso.

Bem, de qualquer maneira muito obrigado“.

Depois de tal gentileza, o filme até será visto com muito mais vontade.

Uma película hollywoodesca. O nosso planeta é visitado por um conjunto de naves de outro mundo, e os terráqueos terão que descobrir como comunicar com estes seres vindos do espaço.

É preciso encontrar uma linguagem que humanos e ET possam usar, para que consigam compreender-se, mas isso é muito mais difícil e demorado do que nas películas habitualmente vindas de Hollywood.

A maior parte das personagens do filme (menos a protagonista) não tem uma atitude tão gentil e amável como a rapariga da bilheteira, que se empenhou em fazer-me poupar um euro e qualquer coisa.

Aqueles humanos estão basicamente dominados pelo medo, pela incerteza e pela ignorância. Nesta história americana, os americanos continuam a ser os habituais bons da fita, e outros países são mostrados como mais agressivos e perigosos.

Se a América que saiu da toca na semana passada, e a Europa que se prepara para fazer o mesmo, fossem visitadas por naves extraterrestres, sem fazerem ideia do que os seus passageiros pretendiam, qual seria o sentimento dominante?

O medo? A ignorância? A agressividade? A incerteza mostrada por quase todas as personagens do filme? Ou a amabilidade e gentileza exibidas pela prestável funcionária da bilheteira?

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